Veículo militar russo chega para exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus, que serão realizados em fevereiro, em meio à escalada de tensões na fronteira entre Rússia e Ucrânia, 18 de janeiro| Foto: EFE/EPA/BELARUS DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE
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As nações bálticas da Letônia, Lituânia e Estônia, junto com a Polônia, Eslováquia, Romênia e Bulgária, estão observando com grande inquietação a escalada militar de Vladimir Putin no Leste Europeu. Cada uma dessas nações foi controlada pela Rússia durante a sua encarnação anterior como União Soviética, e nenhuma delas deseja retornar a essa subjugação.

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É por isso que elas originalmente buscaram a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e aumentaram seus próprios gastos com defesa para atender e, em alguns casos, superar a meta de 2% do PIB estabelecida pela aliança em 2014. A adesão à Otan traz a garantia da segurança que os EUA fornecem à Europa há 70 anos, e com uma Rússia agressiva se aproximando do Leste, a segurança é uma grande preocupação.

Existem, no entanto, vários problemas com este cálculo. Primeiro, o fiasco da retirada das forças americanas do Afeganistão e o abandono de cidadãos americanos e aliados leais deram um golpe significativo na credibilidade dos EUA. Em segundo lugar, o Exército americano, o pilar da segurança na Europa, retornou em grande parte aos Estados Unidos há alguns anos.

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Finalmente, devido aos investimentos da Rússia em armas de negação de área (também chamadas anti-acesso, que impedem que adversários ocupem ou atravessem áreas) em seu enclave em Kaliningrado, a Marinha dos EUA não pode mais levar unidades do Exército para a Europa a tempo de impedir um eventual ataque russo.

A Rússia acumulou uma força de mais de 100 mil soldados ao longo de sua fronteira com a Ucrânia, incluindo formações de artilharia pesada, transportadores de tropas blindadas e tanques de batalha. O país também já lançou ataques cibernéticos contra infraestruturas importantes na Ucrânia. Se as forças russas subitamente passarem sobre a Ucrânia e se posicionarem para ameaçar as nações bálticas, Polônia, Romênia e Bulgária, a Otan terá dificuldade em responder rapidamente.

Como parte da Iniciativa de Defesa Europeia, os EUA construíram provisões de materiais bélicos pré-posicionados, incluindo equipamento suficiente para uma brigada blindada, na Polônia. Os homens necessários para fazer uso desse equipamento e operar os tanques e veículos blindados seriam trazidos dos Estados Unidos ao primeiro sinal de problema.

Além disso, a Otan estabeleceu uma brigada de força de resposta (5 mil pessoas) e batalhões de presença avançada (400 pessoas), mas deve-se admitir que isso serviria apenas para atrasar um pouco a Rússia, caso ela desse a partida e depois corresse para atravessar a Ucrânia, uma nação que tem pouco menos de 1.300 quilômetros de largura e possui modernos sistemas rodoviários e ferroviários. Caso encontrem resistência mínima, as forças blindadas da Rússia, com apoio logístico adequado, podem cruzar a Ucrânia e estar à porta da Otan em dez dias ou menos. Eles enfrentariam uma Otan mal preparada para a ameaça que representavam.

Nos últimos 20 anos, as nações da Otan diminuíram seus investimentos em blindagem móvel e artilharia, de longe a mais cara das forças terrestres, e os Estados Unidos não apenas seguiram esse caminho, mas também retiraram sua última unidade blindada permanente da Europa. O Exército dos EUA, que já chegou a ter numerosas divisões blindadas de até 12 mil a 16 mil homens cada, agora retém apenas uma, embora existam equipes menores de brigada blindada de combate (BCTs) incorporadas às seis divisões de infantaria permanentes e uma divisão de montanha que permanecem no força ativa.

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A simples verdade com a qual poucos desejam contar é que, além dos recursos do poder aéreo - o F-35 certamente teria seu batismo de fogo contra os caças russos e seus avançados mísseis S-400 - nas melhores circunstâncias, apenas uma ou duas brigadas blindadas dos EUA estariam disponíveis durante as primeiras 72 horas. Assim, apenas 10 mil homens, alguns transportados por via aérea para se juntar a equipamentos pré-posicionados e outros previamente designados para a região como parte de uma força rotativa, estariam disponíveis para ajudar nossos aliados europeus e impedir um ataque russo em andamento.

Esse entendimento vem do reconhecimento de que unidades blindadas não podem ser transportadas em voos para a Europa. Os homens, seus equipamentos e seus veículos são muito pesados ​​e devem viajar por mar. Levaria no mínimo três dias para carregar tanques e outros veículos blindados nos Estados Unidos, seja no Texas ou em qualquer um dos portos disponíveis na costa leste. Os navios que os transportariam, navios de carga roll-on/roll-off projetados para esse fim, levariam de quatro a cinco dias para cruzar um Oceano Atlântico que não é mais controlado pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan.

A Rússia passou dez anos projetando e construindo o novo submarino de ataque da classe Severodvinsk. Um derivado dos projetos russos de ataque rápido das classes Akula e Alfa, altamente eficazes, o Severodvinsk permitiu a Putin desafiar a supremacia aliada sobre e sob o Atlântico, ao mesmo tempo em que a Otan se desfez de seus próprios submarinos e fragatas de caça de submarinos.

Se os transportes sobrevivessem à travessia do Atlântico, eles não seriam capazes de atravessar o Mar Báltico até seus portos de descarga preferidos na Polônia ou em uma das nações bálticas; o míssil terra-ar S-400 baseado em Kaliningrado (alcance de 250 milhas) e o míssil terra-terra Iskander (alcance de 175 milhas) dão à Rússia a capacidade de controlar a superfície do Mar Báltico a leste da Dinamarca. (É importante ressaltar que o Báltico é muito raso e perigoso para grandes submarinos nucleares norte-americanos carregados de mísseis para operar com segurança dentro de suas águas sem serem rapidamente detectados.)

Por esses fatos, os navios que transportam unidades do Exército americano precisariam descarregar suas cargas na Bélgica ou na França e depois carregar seus veículos em vagões para transporte para o Leste Europeu. Esse processo levaria mais sete a dez dias e seria complicado pelo fato de que as redes ferroviárias de países do Leste e ocidentais, como uma consequência da Guerra Fria, não possuem bitolas uniformes.

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O resultado é que levaria quase três semanas para as forças blindadas americanas viajarem dos EUA para as linhas de frente de um conflito que quase certamente já estaria terminado.

A Otan e os Estados Unidos precisam entender que, no momento, um retorno maciço de forças para a Europa não será a resposta à ameaça russa, simplesmente porque não há um grande número de forças blindadas apropriadas disponíveis para transporte. A Europa deve tomar medidas não apenas para aumentar seus gastos com defesa, mas também para aumentar suas forças, complementando-as com os tipos de plataformas necessárias para enfrentar a ameaça russa à sua porta. Além disso, o Exército dos EUA deve retornar seu foco estratégico para a Europa, em vez de procurar sem rumo um papel no Pacífico. O país deve reconstruir seus elementos blindados e defender o retorno a um modelo de bases avançadas, talvez estabelecendo novas bases em nações do Leste Europeu, em vez de retornar às suas guarnições anteriores na Alemanha.

Embora isso possa ir contra os acordos feitos durante a década de 1990 entre os presidentes Yeltsin e Clinton, o simples fato é que a anexação da Crimeia pela Rússia, a ocupação de partes da Geórgia e do Donbass e ameaças persistentes contra a Ucrânia tornaram esses acordos discutíveis.

Enquanto isso, a Marinha dos EUA e seus aliados da Otan devem enfrentar a ameaça das unidades navais da Rússia no Atlântico e, em particular, sua nova geração de submarinos. Eles precisam de mais submarinos de ataque, navios de vigilância equipados com sonar rebocado e fragatas, e eles precisam logo desses equipamentos. Porque, sem eles, a Europa poderá em breve tornar-se um continente que os Estados Unidos não podem alcançar ou ajudar.

*Jerry Hendriz é membro sênior do Instituto Sagamore e capitão aposentado da Marinha dos EUA.

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©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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