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O presidente americano Donald Trump trabalha em sua sala de conferências no hospital militar Walter Reed, 3 de outubro, onde está recebendo tratamento para Covid-19
O presidente americano Donald Trump trabalha em sua sala de conferências no hospital militar Walter Reed, 3 de outubro, onde está recebendo tratamento para Covid-19| Foto: Joyce N. BOGHOSIAN / The White House / AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, já havia testado positivo para a Covid-19 na quinta-feira passada (1) pela tarde e não revelou o resultado enquanto esperava uma contraprova, disseram fontes próximas ao presidente neste domingo (4) ao jornal The Wall Street Journal.

Trump realizou um teste rápido na tarde de quinta-feira e recebeu o resultado positivo antes de participar de um programa da Fox News, no qual omitiu a informação. Mas, de acordo com os protocolos da Casa Branca, ele precisava realizar outro teste, de PCR, considerado mais confiável.

Durante o programa, ele confirmou que uma de suas assessoras mais próximas, Hope Hicks, havia testado positivo para a Covid-19. Como o presidente havia viajado diversas vezes acompanhado da assessora nos dias anteriores, ele foi questionado durante o programa sobre a sua situação. Trump então disse que receberia o resultado do teste na noite de quinta ou na manhã de sexta-feira.

Segundo o WSJ, conforme pessoas próximas ao presidente foram informando que estavam com Covid-19, Trump pediu a um assessor próximo que não revelasse a informação sobre seu primeiro teste. "Não conte a ninguém". O presidente americano tornou público que havia se contaminado com o novo coronavírus apenas na manhã da sexta-feira, pelo Twitter.

Visita surpresa

Trump deixou o hospital por alguns minutos neste domingo em um comboio e acenou de dentro de um carro a apoiadores que estão reunidos em frente ao hospital, mostraram imagens da CNN. O presidente, usando máscara, estava sentado no banco traseiro de uma SUV. Outras duas pessoas, provavelmente agentes do Serviço Secreto, estavam no veículo, usando máscaras médicas e proteção nos olhos.

Médicos criticaram publicamente a "visita surpresa" de Trump, preocupados com a segurança dos profissionais que acompanharam o presidente. O médico James Phillips, professor da Universidade George Washington e médico do hospital Walter Reed descreveu a ação como "insanidade".

"Cada pessoa naquele veículo durante a completamente desnecessária 'voltinha' presidencial agora precisa ficar em quarentena por 14 dias. Eles podem ficar doentes. Eles podem morrer. Por teatro político", disse Phillips pelo Twitter. Em outra publicação, o médico comentou que o veículo presidencial é blindado e vedado contra ataques químicos: "O risco de transmissão de Covid-19 no interior [do carro] é o mais alto possível, fora procedimentos médicos".

Jonathan Reiner, professor de medicina e cirurgia da Universidade George Washington, disse que o presidente colocou os agentes do Serviço Secreto em "grave risco". "No hospital, quando temos contato próximo a um paciente de Covid, vestimos equipamentos de proteção individual completos: avental, luvas, máscara N95, proteção ocular, touca. Isso é o auge da irresponsabilidade", disse o médico pelo Twitter.

Minutos antes de sair do hospital, Trump publicou um vídeo em que diz que a sua experiência com a Covid-19 é "a escola real". "Eu peguei [a doença] e a compreendo. É uma coisa muito interessante e vou contar a vocês sobre isso", disse o presidente no vídeo publicado no Twitter.

O porta-voz Judd Deere disse a jornalistas que fazem a cobertura da Casa Branca que a aparição de Trump em frente ao hospital foi "liberada pela equipe médica como algo seguro de se fazer" e disse que "precauções apropriadas foram tomadas na execução desse movimento para proteger o presidente e todos os que deram apoio, incluindo equipamentos de proteção individual".

Estado de saúde e tratamento

Durante a tarde deste domingo, o médico do presidente americano apontou um quadro favorável para a recuperação de Trump, dizendo que ele poderia logo ser liberado do hospital. No entanto, Sean Conley disse aos jornalistas que os pulmões do presidente apresentaram "registros" de terem sido afetados pela infecção, sem entrar em mais detalhes. Conley também relatou que o nível de oxigenação do presidente voltaram a cair durante o sábado.

Um dos médicos de Trump disse que o presidente está usando dexametasona no seu tratamento. O medicamento é um corticoesteroide que atua reduzindo inflamações no organismo e está sendo usado por médicos para tratar casos graves de Covid-19, já que a droga demonstrou ser capaz de reduzir a mortalidade entre pacientes que precisam de ventilação mecânica ou de oxigênio suplementar de forma menos invasiva.

Na entrevista coletiva, a equipe médica esclareceu a confusão criada no sábado, quando o médico Sean Conley afirmou que Trump não havia precisado de suplementação de oxigênio, embora fontes da Casa Branca tivessem relatado à imprensa que o presidente usou oxigênio em sua residência antes de ser internado.

"Eu estava tentando refletir a atitude positiva que a equipe, o presidente, que o curso de sua doença, têm tido", disse Conley ao explicar por que disse aos jornalistas no sábado que Trump não havia recebido oxigênio. "Eu não quis dar qualquer informação que pudesse desviar o curso da doença para outra direção. E ao fazer isso, pareceu que estávamos tentando esconder algo, o que não é necessariamente verdade", justificou.

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