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Trecho da BR 277 próximo a Campo Largo, no Paraná.
Trecho da BR 277 próximo a Campo Largo, no Paraná.| Foto: Rodrigo Czekalski/CCR Rodonorte

As notícias se avolumam em ritmo frenético e são dos mais diversos matizes. Por um lado, a política vem dominando o cenário nacional, somadas às questões econômicas, alta nos preços dos combustíveis, mercadorias e inflação. Por outro lado, temos também a guerra Rússia versus Ucrânia, com agressões diárias, mortes e as retaliações dos países contrários à guerra, entre outras notícias que chegam por meio dos noticiários e redes sociais.  No entanto, um assunto que nos no cala fundo, por alguns minutos, são as mortes no trânsito. São mortes de pessoas, por vezes, de nosso convívio, atores reconhecidos nacionalmente, da mesma categoria profissional, ou ainda que trafegam na mesma rodovia. Mas são mortes que deveriam nos impactar mais, dada a frequência com que vêm acontecendo, gerando estatísticas no Brasil que deixam qualquer conflito bélico atual para trás. Esse é o cenário da BR-277, no Paraná, com um dos pontos mais críticos entre Curitiba e Ponta Grossa.

Agora, a rodovia BR-277 está sem o pedágio que, por 25 anos seguidos, embora oneroso, dava-nos certa segurança. Praças de pedágio ao abandono por completo, gerando insegurança para o trânsito. Sem as balanças, que limitavam o peso do material transportado e que tinham por objetivo também proporcionar uma carga que fosse suportável para a estrutura construída. Radares que talvez já não funcionem mais, sem manutenção, desrespeitados por vários motoristas profissionais. Com um “sinalizador” de velocidade, interessante para conferir a velocidade do automóvel, mas ineficaz no sentido de limitar a velocidade. E, obviamente, nesse cenário, temos os buracos que se abrem da noite para o dia no asfalto, que já causaram vários sinistros.

Aos poucos, os guarda-corpos, que já salvaram tantas vidas, pelo estado que se encontram, carecem de uma manutenção imediata para continuarem a sua função de salvar vidas. E temos também os veículos e seus condutores, já relaxados devido à ausência da fiscalização, utilizando seus celulares ao volante, inclusive os motoristas profissionais. O excesso de velocidade que era uma realidade, agora, tornou-se regra, mesmo com o elevado preço dos combustíveis. Sem contar aqueles que, porventura, ainda fazem uso do álcool e de outras drogas enquanto dirigem seus veículos.

Enfim, um cenário de guerra e de mortes. Mortes de trabalhadores, que são, no meu entendimento, a maior riqueza do país, educadores, profissionais liberais, autônomos, motoristas profissionais, pais, mães e filhos que não chegaram ao seu destino, enlutando suas famílias e o próprio país.

Sensibilizar autoridades e agentes públicos, que deveriam servir ao povo, ao invés de serem servidos, talvez já não baste. Já perdemos essa guerra silenciosa. E talvez o pior seja pensar que não há tratado de paz a ser assinado para essa guerra, pois ela não para e continua a ceifar vidas todos os dias.

Falar de estatísticas para as famílias enlutadas não trará seus entes queridos de volta, no entanto, um cenário como esse deveria, pelo menos, ser pauta obrigatória de todos os gestores públicos das cidades por onde passa a BR-277, que hoje, infelizmente, é um palco de sinistros, mortes e lágrimas.

Gerson Luiz Buczenko é doutor em Educação e coordenador do curso de Tecnologia em Gestão de Trânsito e Mobilidade Urbana do Centro Universitário Internacional Uninter.

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