O ex-deputado federal Deltan Dallagnol desafiou o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a participar de um debate sobre a Lava Jato. A sugestão foi lançada por Dallagnol na Rede X.
"Você [Gilmar Mendes] sempre critica a Lava Jato e até chamou Moro para debater. Então, vou direto ao ponto: você topa deixar a toga de lado e debater de verdade? Você tem coragem de falar sobre os supostos abusos da Lava Jato cara a cara com alguém que não tem medo de questionar e refutar as suas acusações infundadas?", questionou.
Dallagnol ainda acrescentou: "prometo que o debate vai ser organizado, com regras claras, e vai ser justo e respeitoso. E aí, @gilmarmendes, tem coragem ou sangue de barata?"
Gilmar Mendes ainda não respondeu ao convite do debate. A Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria do STF para saber se ele aceitará, mas ainda não obteve retorno.
Desde o início da Lava Jato, Gilmar Mendes tem sido inimigo da força-tarefa. O ministro argumenta que a operação cometeu abusos e desrespeitou garantias constitucionais. Ele também critica o que chama de "uso excessivo" da prisão preventiva como forma de pressionar os investigados para colaborarem com as autoridades. A Gazeta do Povo mostrou pelo menos 20 vezes desde 2019 que ele criticou a operação.
Na última segunda-feira (12), Mendes voltou a criticar os acordos de leniência fechados com empresas investigadas no âmbito da Lava Jato e defendeu uma “comissão da verdade” para investigar as circunstâncias em que as empresas teriam aceitado contribuir com as investigações.
“Eu fico muito curioso por saber por que o pessoal da J&F opta por fazer aquela operação extremamente arriscada de gravar o presidente da República [Michel Temer], de gravar o Aécio Neves ou de gravar até mesmo a mim como se diz […] O que lhes impuseram para que eles aceitassem esse tipo de operação? […] Há coisas nebulosas que precisam ser esclarecidas. Talvez, merecesse buscar uma ‘Comissão da Verdade’ sobre isso. Há muito escombros sobre o que se passou”, disse Gilmar Mendes durante entrevista concedida ao programa Estúdio I, da Globonews. A declaração do ministro faz referência a episódios ocorridos em 2017.
A Lava Jato completará 10 anos no próximo dia 17 de março. A operação foi extinta em 2021, quando mais de 80% dos brasileiros defendiam a existência das investigações, segundo pesquisa Exame/Idea.
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