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Subiu para cerca de cem o número de pessoas indiciadas pela Polícia Federal na Operação Tormenta, deflagrada em 16 de junho, que investiga suposta quadrilha que teria fraudadoconcursos públicos em todo o país. Ao todo, já foram ouvidas 120 pessoas.

O inquérito ainda não foi concluído e a polícia deve ouvir outras 80 pessoas na operação. Entre os indiciados até o momento, há tanto integrantes da suposta quadrilha como beneficiados pelo esquema, disse a PF.

Quando a operação foi deflagrada, a PF expediu 34 mandados de busca e apreensão, sendo 21 na Grande São Paulo, 1 no Rio de Janeiro, 3 na região de Campinas (SP) e 9 na Baixada Santista. Foram expedidos, ainda, 12 mandados de prisão temporária - seis foram soltos após o fim da prisão temporária e outros seis tiveram a prisão preventiva decretada para não atrapalhar a investigação e continuam presos.

A PF iniciou as investigações após obter informações durante a investigação social, uma das fases do concurso para agente de Polícia Federal, realizado em 2009. A partir disso, descobriu que a quadrilha atuava em todo o país, mediante o acesso aos cadernos de questões, antes da data de aplicação das provas.

Além do concurso da PF, o grupo teve acesso privilegiado às provas de 2009 da 2ª fase do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que acabou cancelada em março deste ano, e do concurso da Receita Federal para auditor fiscal, realizado em 1994.

O grupo atuava por meio de aliciamento de pessoas que tinham acesso ao caderno de questões, para acesso antecipado às provas; repasse de respostas por ponto eletrônico durante a realização do concurso e a indicação de uma terceira pessoa mais preparada para fazer o concurso no lugar do candidato-cliente, disse a PF. A quadrilha fazia ainda falsificação de documentos e diplomas exigidos nos concursos quando o candidato não possuía a formação exigida.

Abin e Anac

Em uma segunda etapa, iniciada em 6 de julho, a Polícia Federal começou a ouvir 45 pessoas que estariam envolvidas em supostas fraudes nos concursos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), realizado em 2009, e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), aberto em 2008. Trata-se de um desdobramento da Operação Tormenta, deflagrada no dia 16 de junho.

Os suspeitos, em sua maioria da capital paulista e Baixada Santista, teriam tido acesso privilegiado às provas. Eles estão depondo na Superintendência da PF em São Paulo e na Delegacia de Polícia Federal de Santos (SP).

A Polícia Federal informou que não irá divulgar os nomes dos envolvidos nem o teor dos depoimentos, mas adiantou que vai pedir à Justiça a prisão preventiva dos que tiverem ligação próxima com a quadrilha suspeita de fraude. Além disso, os candidatos identificados serão indiciados por estelionato e receptação.

Entre os investigados, 36 teriam tido acesso com antecedência às provas do concurso da Anac, que teve 81 mil concorrentes a 365 vagas. Desses suspeitos, 11 já tomaram posse, sendo oito em cargo de analista e três no de técnico.

Em relação à prova da Abin, são nove suspeitos e um deles tomou posse como oficial de inteligência. O concurso teve 88,2 mil candidatos disputando 190 vagas. Ambos os concursos foram organizados pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB).

De acordo com a PF, entre os investigados por terem acesso às provas do concurso da Anac está a irmã de um policial rodoviário federal preso no dia 16 por envolvimento nas fraudes.

Respostas

Na época, a Abin informou que não tinha sido oficialmente notificada sobre a investigação e que não se pronunciaria sobre o assunto. E, caso existisse alguma notificação oficial da PF, poderia haver algum tipo de manifestação por parte do órgão.

A Anac informou que quando a investigação da PF fosse concluída e for confirmado o envolvimento dos suspeitos nas irregularidades o órgão, tomará as medidas administrativas cabíveis.

A assessoria técnica de comunicação do Cespe/UnB informou que o acesso privilegiado às provas ocorria durante a guarda dos malotes de provas, nas dependências da Polícia Rodoviária Federal. De acordo com a PF, um policial rodoviário federal preso na operação realizada em junho teria copiado as provas e repassado aos chefes do grupo.

"O centro, assim como outras aplicadoras, foi vítima da quadrilha. A Polícia Federal enfatizou que não há qualquer indício de participação de servidores das organizadoras", afirma Ricardo Carmona, diretor-geral do Cespe/UnB, lembrando que, "de acordo com a PF, a quadrilha também tentou fraudar outros concursos do Cespe/UnB, mas não obteve êxito em burlar o sistema de segurança adotado pela instituição".

A organizadora informou ainda que a metodologia desenvolvida pela PF durante as investigações das fraudes também será utilizada pelo Cespe/UnB.

A instituição ressalta que os concursos não serão anulados, pois os fraudadores estão sendo punidos. "Não há razão para prejudicar os candidatos aprovados que agiram de boa fé e esses são a maioria", diz Carmona.

Quadrilha cobrava até US$ 150 mil

De acordo com a PF, a quadrilha chegava a cobrar até US$ 150 mil de cada candidato. "O concurso da OAB eles cobravam R$ 50 mil, para agente da PF US$ 50 mil e já temos conhecimento de que para o concurso para delegado da Polícia Federal eles iriam cobrar US$ 150 mil", afirmou Salem em junho.

De acordo com a polícia, o grupo atuava por meio de aliciamento de pessoas que tinham acesso ao caderno de questões. Atuava no repasse de respostas aos candidatos por meio de ponto eletrônico durante a realização do concurso e ainda indicava uma terceira pessoa mais preparada para fazer o concurso no lugar do candidato. Ainda segundo a PF, a quadrilha fazia falsificação de documentos e diplomas exigidos nos concursos quando o candidato não possuía a formação exigida.

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