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Já faz tempo que prometi escrever uma coluna com algumas considerações sobre o uso do verbo "assistir", na acepção de presenciar um espetáculo, um jogo, um show. Também com o sentido de "ver", quando nos referimos a eventos audiovisuais: eu vi (assisti) a novela, eu não vi (assisti) o jornal, nós vimos (assistimos) o jogo.

Sobre o verbo "assistir" nas acepções mencionadas, posso tranquilamente dar um depoimento. Em meus textos, uso a forma transitiva indireta, ou seja, com a preposição "a": assisti ao jogo, muitas pessoas assistiram às palestras. Essa também é a recomendação que recebem os jornalistas deste jornal. A explicação é simples: procuramos seguir um manual e isso implica aceitar, às vezes sem muito questionamento, determinadas orientações. Aceitamos a grafia do Volp e do Houaiss e algumas regências e concordâncias que estão nas últimas.

Ao optar pelo uso da preposição, não tenho objetivo de ser um guardião do idioma (nem se eu fosse bonito e inteligente teria tal pretensão). Nossa língua não precisa disso. Trata-se tão somente (e não "tão-somente"!) de aceitar uma norma, sem perder o sono e o cabelo.

Até quando esse uso do verbo "assistir" vai aguentar? Até quando essa orientação vai persistir?

Não sei e imagino que ninguém saiba. Mas é incontestável que nos textos falados, mesmo nos mais monitorados, predomina o uso sem a preposição: assistimos o jogo, uma multidão assistiu o vexame da Itália. E também seguem nessa direção excelentes textos escritos, de pessoas com profundo conhecimento do nosso idioma.

Será que estamos assistindo ao desaparecimento da forma transitiva indireta?

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