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Comboio de carroças na Serra da Esperança, em Guarapuava – 1937 |
Comboio de carroças na Serra da Esperança, em Guarapuava – 1937| Foto:
  • Carroças na Rua do Riachuelo, em 1916
  • Comércio de erva-mate, em Porto Amazonas – década de 1930
  • Abertura da Marechal Floriano, no alto do Parolin. Ao fundo, a Vila Hauer – em 1939
  • Colonos no Largo da Ordem, em 1936
  • Casa do colono André Seniski, na Fazenda Rio Grande

O assunto mais falado no momento em todos os espaços da mídia nacional, e por todos os pontos de reuniões, é o desastre envolvendo dois automóveis, ocorrido há pouco mais de uma semana em Curitiba, no qual dois jovens perderam as vidas. Os comentários gerais, além das outras infrações existentes, versam sobre a velocidade alcançada pelo veículo causador da catástrofe. A celeridade que se pode alcançar com um automóvel nas vias públicas é a causa de muitas calamidades no trânsito.

Há poucos anos, o Fernando Collor – então presidente – comparou os automóveis brasileiros como sendo verdadeiras carroças, o que não era verdade. Hoje a maioria dos carros tem motores que podem proporcionar, com facilidade, velocidades superiores a 200 quilômetros por hora. O que não deixa de ser uma bestialidade em mãos de irresponsáveis.

A conversa surgiu no bar do Maneco, onde existe uma coleção de fotos antigas, entre elas uma feita na Serra da Esperança, em Guarapuava, na década de 1930. A imagem mostra um comboio de carroças na estrada; cada uma delas era tracionada por oito animais, combinados com a presença de mulas e cavalos. A curiosidade versava exatamente sobre a velocidade de tais carroças: quanto tempo levavam para vencer o trajeto, por exemplo, entre Guarapuava e Curitiba?

Tais veículos estavam preparados para transportar 3 mil quilos de carga, que naquela época era geralmente de erva-mate. Esse transporte era feito então até Ponta Grossa, e daí para frente por via férrea. Não foi possível chegar a calcular o tempo preciso para vencer tal distância.

Por experiência própria, lembro que para vencer o trecho entre minha casa, no bairro do Batel, até a Fazenda Rio Grande, em carroça mais leve e tracionada por dois cavalos, era em torno de 8 horas. O caminho era feito pelo Portão, Pinheirinho e pelo Umbará, onde se transpunha o Rio Iguaçu pela ponte coberta de zinco – não existia a estrada atual. Tal estrada, construída após o término da guerra em 1945, eu a vi sendo demarcada em frente da casa do colono André Seniski, onde, na infância, passava minhas férias escolares. Tal estrada era a ligação para o Rio Grande do Sul. Lembro ainda que todos se referiam a ela como sendo a Estrada Estratégica. Quando ficou pronta, com seu leito de terra, raramente passavam um ou dois automóveis em toda uma semana.

Tenho, então, a velocidade de uma carroça leve trafegando normalmente, 30 quilômetros percorridos em 8 horas – e obviamente, com parada para lanche e aguar os cavalos – nos dá uma média de 4 mil metros por hora. Fico imaginando que, para chegar ao mesmo local hoje, levo 20 minutos em automóvel, o que vem me dar a certeza de que cheguei a viver um tempo em que ser vagaroso era estar desfrutando boa qualidade de vida.

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