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Olavo de Carvalho em cena do filme “O Jardim das Aflições”.
Olavo de Carvalho em cena do filme “O Jardim das Aflições”.| Foto: Reprodução

O documentário “O Jardim das Aflições”, inspirado no livro homônimo do filósofo Olavo de Carvalho e dirigido pelo cineasta Josias Teófilo, ainda tem sido alvo de censura, mesmo após três anos de seu lançamento. Depois de provocar brigas acaloradas em uma das principais universidades federais do país e em um festival de cinema de Pernambuco, o longa ainda não foi esquecido por críticos da esquerda. Na última quarta-feira (19), uma publicação de Teófilo no Facebook denunciou mais uma tentativa de cancelamento do filme.

Teófilo afirma que o documentário foi, simplesmente, retirado do Makingoff, um dos fóruns online mais importantes no meio cinematográfico, depois de um dos usuários tê-lo disponibilizado para download na plataforma.

O documentário foi incluído na plataforma por outra pessoa, mas o próprio diretor do filme não se opôs à sua disponibilização. Teófilo comentou o fato e compartilhou o link do trailer nas suas redes sociais. Contudo, os usuários da plataforma não deram trégua, e iniciaram uma enxurrada de ofensas nos comentários, afirmando que o filme incentiva o fascismo no Brasil e que o fórum não teria espaço para expressões deste tipo.

“Não posso me expressar, nem ter a conta na plataforma por questões políticas”, diz Teófilo à Gazeta do Povo. “Ou seja, opiniões contrárias às da esquerda não podem existir ali dentro. O que é ridículo. Ou está todo mundo ali porque gosta de cinema ou são um grupo político. Uma clara tentativa de censura. Isso aconteceu comigo desde o começo da divulgação do filme”.

Cancelamento pelo Facebook

Além do ocorrido, a conta do cineasta e as de mais dois usuários foram banidas do Makingoff. “O argumento é que um tal ‘Gidazzz’ [usuário do fórum] tinha cancelado sua conta, pois se sentiu ofendido com a postagem do meu filme”, afirma ele. “Muito me espanta que um simples filme, inteiro sobre filosofia, que não possui nenhum objetivo político, muito menos política partidária - pois foi filmado em 2015 e, portanto, o Bolsonaro nem parecia ser viável para ocupar o cargo de presidente -, pudesse incomodar tanto a esquerda.”

Assim que soube do ocorrido, Teófilo fez uma postagem em sua página no Facebook denunciando o acontecimento, e afirmou que, logo após a discussão sobre a legitimidade do documentário no fórum, usuários do Makingoff incentivaram que as pessoas denunciassem a postagem do cineasta e que votassem pela retirada do filme da plataforma. No espaço de comentários do fórum, uma das responsáveis pela campanha escreveu: “Fiz um mutirão aqui em casa e coloquei todo mundo para denunciar o post do canalha. Parabéns a todos os envolvidos.” De fato, foi o que ocorreu. Na última quinta-feira (20), Teófilo teve sua conta bloqueada por 24 horas por não seguir os padrões da Comunidade sobre assédio e bullying.

Dois pesos, duas medidas

Do mesmo modo que “O Jardim das Aflições” havia sido hospedado no fórum online, em março de 2020, e aberto um espaço para discussões políticas na plataforma, o documentário “Democracia em Vertigem”, da diretora Petra Costa, permanece até hoje no ar.

Teófilo afirma ser uma demagogia dizer que não se dá espaço para assuntos políticos na plataforma enquanto o documentário indicado ao Oscar, em 2020, fica disponível. “Mesmo que o meu documentário tivesse cunho político, qual seria o problema em defender ideias de direita?”, afirma o cineasta. “E se ‘O Jardim das Aflições’ fosse um filme que tratasse de temas políticos de direita? Só pode haver espaço para ideias de esquerda no cinema? Inclusive, o entrevistado que mais fala no meu documentário é o João Cézar de Castro Rocha, que é um cara totalmente de esquerda.”

Mas a verdade, segundo Teófilo, é que essas confusões só ajudam na repercussão do filme. “É claro que eu prefiro que as pessoas paguem para ver o meu filme, eu ganho por horas assistidas da Amazon Prime e das outras plataformas em que o filme está hospedado. Apagar o meu filme lá no Makingoff só me ajuda, pois faz com que as pessoas que não gostam do Olavo busquem assistir ao documentário nessas plataformas”.

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