Cerca de 80 pessoas identificadas como militantes do PMDB realizaram na tarde desta sexta-feira um protesto em frente ao prédio da Editora Gazeta do Povo, na Praça Carlos Gomes, em Curitiba.
O manifesto, cujo o mote era "O PMDB Adverte: a Gazeta do Povo mente", foi embalado por uma banda de música, com 12 integrantes, 10 pessoas empunhando cartazes, outras duas distribuíndo panfletos e seis com baldes e vassouras lavando a calçada de uma das entradas do jornal. Alguns dos militantes chegaram a admitir à reportagem que receberam até R$ 20 para participar e segurar cartazes.
Formando o conjunto de manifestantes outros dançavam ou então ficavam parados observando a movimentação da imprensa que fazia a cobertura.
A militância peemedebista foi liderada pelo secretário de Educação e irmão do governador Roberto Requião (PMDB), Maurício Requião, funcionário público em horário de expediente, e pelo presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos. Eles participaram da "solenidade" considerada pelo partido político como um ato de desagravo ao governador Roberto Requião. A ação em frente à Gazeta durou cerca 30 minutos.
O desagrado que virou desagravo
Matérias veiculadas pela Gazeta do Povo têm desagradado o governo do estado, que retóricamente vem criticando o jornal por meio de inserções na TV Educativa, emissora pública de televisão do Paraná.
No início deste mês o governador Roberto Requião fez duras críticas ao jornal em virtude da publicação da reportagem: Praias do PR são as mais sujas do Sul (leia a íntegra da matéria da Gazeta)
A matéria mostra que as praias do Paraná têm a maior proporção de pontos impróprios para banho em relação ao total de pontos monitorados pelos institutos ambientais. A comparação foi feita com os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
O PMDB também assumiu para si a "defesa" do governo do estado e patrocinou uma campanha publicitária contra a Gazeta do Povo. Cerca de 30 outdoors foram espalhados por Curitiba com a mensagem: "PMDB adverte: Gazeta do Povo mente", numa alusão a notícias publicadas pelo jornal e que Requião considera incorretas.
Histórico
As reclamações de Requião contra veículos da RPC (grupo do qual faz parte a Gazeta do Povo) já chegaram à agressão física. Em abril de 2004, o governador segurou violentamente o braço do repórter do Jornal de Londrina Fábio Silveira, entortando o dedo do jornalista. Silveira tinha feito uma pergunta sobre a relação do governo estadual com o federal. Ao defender o colega, outra jornalista ouviu ironia: "Não quebro o seu, minha flor, mas homem eu trato como homem", disse o governador do estado.
Além da Gazeta, Requião já investiu contra a revista Exame, a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo, também por discordar do conteúdo das reportagens. A Exame comparou o governador ao presidente da Venezuela, Hugo Chavez. A Folha mostrou o emprego de parentes no estado. O Estadão criticou a postura do governo em relação aos transgênicos.
Como forma de mostrar o seu posicionamento perante a situação, a Gazeta do Povo fez editoriais nos quais retrata o seu compromisso com a informação responsável e de serviço e com o povo do Paraná. A seguir reeleia a íntegra dos editoriais:
-Linha editorial continua firme
Veja como foi a manifestação na reportagem em vídeo do ParanáTV
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