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O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), está reunido com o ex-secretário-geral adjunto da Mesa Diretora, Marcos Santi, e com os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS). Segundo Tuma, o servidor concursado não deve fazer declarações públicas porque teme sofrer um processo administrativo que resulte em sua exoneração. Mas, segundo Casagrande, Santi - que pediu para deixar o cargo em protesto contra o parecer técnico que beneficia Renan Calheiros (PMDB-AL) - voltou a confirmar suas denúncias:

- Ele relatou que sentiu, presenciou e que o ato final foi o parecer orientando o voto secreto (na votação do caso Renan no Conselho de Ética) e a apresentação de um relatório sem conclusões, apenas descritivo. Isso levou ele a concluir que em diversas fases do processo foram plantadas nulidades para levar a uma direção que pudesse colaborar com a defesa de Renan - contou o senador, relator do caso Renan no Conselho de Ética.

O parecer recomena o relatório descritivo - apenas com fatos - e não conclusivo, que é quando o relator abre seu voto aos colegas. Na noite de terça, o assessor do Senado chegou a dizer que o parecer seria uma encomenda, o que, para ele, representou a "gota d'água". Ainda na noite de terça-feira, a secretária-geral da Mesa, Cláudia Lyra, principal responsável pelo parecer, limitou-se a dizer que considerou "estranha" a atitude de Santi e que ainda não havia sido comunicada sobre a demissão.

Relator ameaça não apresentar relatório na quinta-feira

Afirmando que nunca viu no Senado um processo de cassação sem conclusão, Casagrande afirmou que, se o parecer técnico da Secretaria-Geral for aprovado pelo conselho, ele vai pedir mais tempo para apresentar o relatório. A sessão está marcada para esta quinta-feira, às 10h. Renan é acusado de ter as contas pessoais pagas por um lobista.

- Voto inconcluso eu nunca fiz. Essa decisão corta uma expectativa dos relatores que vinham trabalhando para apresentar uma conclusão sobre o pedido de perda de mandato.

O senador explicou que, se o presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), apresentar o parecer contrário ao voto aberto e ao relatório conclusivo, um grupo de senadores vai propor a votação do documento pelo plenário do colegiado. Casagrande calcula que entre 11 e 12 senadores, de um total de 15, votem contra o parecer.

Santi já tinha se reunido pela manhã com Casagrande e Marisa Serrano. Após deixar a reunião, Marisa Serrano também comentou o depoimento de Santi:

- O desabafo dele está fundamentado em todas as ações do processo. Ele fez uma análise do atropelo da ética nesses fatos - contou.

Ao chegar ao Senado nesta quarta, Renan disse que não sabe de onde acompanhará a votação do relatório. O senador não quis comentar as acusações feitas por Santi.

- Isso não merece nem comentário. Quem conhece meu perfil sabe: isso não merece nem comentário.

Indagado

O senador esteve na reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde acompanhou a sabatina de Carlos Alberto Menezes Direito, indicado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Cercado pelos jornalistas, Renan foi indagado sobre se está irritado e se teme o julgamento:

- Só temo a Deus - rebateu.

Os senadores Renato Casagrande, Marisa Serrano, Leomar Quintanilha e Almeida Lima reunidos para decidir sobre processo contra Renan Calheiros - Ailton de Freitas

Ao ser indagado sobre Santi, Tuma afirmou que ele é um funcionário respeitado no Senado. O corregedor disse, no entanto, que é preciso ter cuidado para não torná-lo réu, com base no código de conduta dos servidores públicos.

- Ele não vai criticar seus superiores e nem poderia fazê-lo, pois, como funcionário público, ele não pode manifestar sua opinião pessoal - revelou.

O corregedor admitiu que há fatos no mínimo "estranhos" no processo contra Renan.

- Desde o início as coisas trazem um pouco de confusão. Houve troca de presidente, troca de relator. Tudo isso não ajuda ninguém - afirmou Tuma.OAB defende votação aberta do caso Renan no Conselho de Ética

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, defendeu nesta quarta-feira a votação aberta do relatório do caso Renan, prevista para esta quinta-feira.

- O voto secreto não é o democrático, ao passo que a votação aberta dá transparência e maior lisura ao processo -observou.

Cezar Britto salientou que o voto aberto é mais democrático "até porque a sociedade brasileira, que escolheu nas urnas os senadores, tem o direito de saber como eles estão votando".

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