Contas de 2014 de Richa serão julgadas.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

O Tribunal de Contas do Paraná (TC) analisa nesta quinta-feira (26) a prestação de contas do governo Beto Richa (PSDB) do ano de 2014. Os conselheiros do tribunal podem recomendar a aprovação, rejeitar ou aprovar com ressalvas a maneira como o governo do estado geriu os cofres públicos no ano passado. A decisão final, porém, cabe à Assembleia Legislativa. Desde o início do governo Beto Richa, em 2011, o posicionamento do tribunal sempre tem sido por aprovar com ressalvas.

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Neste ano, o processo de análise de contas do governo foi mais polêmico do que em anos anteriores. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas (MPC) apresentou um parecer orientando pela rejeição das contas do governo do estado, alegando 23 irregularidades, incluindo uma “pedalada fiscal”.

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INFOGRÁFICO: Veja quais são as irregularidades apontadas pelo MPC

Os procuradores pediram, também, que o relator, conselheiro Durval Amaral, fosse afastado do julgamento por sua proximidade com o governador – o pedido foi rejeitado pelos conselheiros no dia 5.

Histórico

Não foi a primeira vez que o MPC se posicionou pela rejeição das contas do governo. Nos últimos dez anos, o órgão recomendou a rejeição das contas dos governadores Richa, Roberto Requião (PMDB) e Orlando Pessuti (PMDB) em sete ocasiões. Em todas elas, os conselheiros optaram por aprovar as contas com ressalvas – e apenas uma vez, referente as contas de 2009, essa decisão não foi unânime.

Tampouco é a primeira vez que alguém ligado à gestão Richa fica responsável pela análise das contas.

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Em 2013, o relator foi Ivan Bonilha, hoje presidente do TC. Ele foi procurador-geral do estado e do município de Curitiba, além de advogado da campanha do governador. Na ocasião, o MPC não se pronunciou pelo afastamento.

O parecer do MPC, porém, não é o único a ser considerado pelos conselheiros. A Diretoria de Contas Estaduais (DCE) e a Diretoria Jurídica do TC também apresentaram parecer sobre as contas, e ambas opinaram pela aprovação com ressalvas.

A DCE sugeriu que o relator incluísse 14 ressalvas, cinco determinações e nove recomendações ao governo – que podem ou não ser incluídas no voto do relator. Em sua análise, Diretoria Jurídica referendou as sugestões da DCE.

Apesar de ser o “padrão”, a aprovação com ressalvas não tem se mostrado um mecanismo eficiente. Em sua instrução, a DCE citou o alto índice de reincidência do governo. 72,4% dos apontamentos feitos pelo TC nas contas de 2013 se repetiram em 2014 – sem contar a existência de determinações e recomendações de 2012 e 2011 que também não foram seguidas.

A reincidência foi justamente o que motivou voto pela rejeição apresentado pelo conselheiro Heinz Herwig, na análise das contas de 2009 – ainda no governo Requião.

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TCU

A atuação dos tribunais de contas estaduais do país ganhou os holofotes depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou, por unanimidade, as contas da presidente Dilma Rousseff (PT). Foi a primeira vez que isso aconteceu desde 1937, quando o TCU rejeitou as contas do então presidente Getúlio Vargas.

Se a desaprovação das contas de um presidente é raridade em Brasília, no Centro Cívico não é diferente.

Desde a fundação do TC, em 1947, em apenas uma ocasião a prestação do governador não foram aprovadas pelos conselheiros. Em 1972, as contas do governador Haroldo Leon Perez, que já havia renunciado antes do fim do ano anterior, foram rejeitadas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]