• Carregando...
Vista da cidade de Jerusalém.
Vista da cidade de Jerusalém.| Foto: Nick115/Pixabay

O encontro Rumo ao Segundo Concílio de Jerusalém (TJCII) é uma iniciativa de arrependimento e reconciliação entre os segmentos judaicos e gentílicos da Igreja cristã. O movimento almeja preparar e fomentar no futuro um Segundo Concílio em Jerusalém, que abordará uma situação oposta à do Primeiro Concílio, como narrado no livro bíblico de Atos 15,1-31. Criado por iniciativa dos judeus crentes no Messias Jesus, no século 1.º d.C., os apóstolos e presbíteros reunidos no Primeiro Concílio decidiram pela não imposição dos vários aspectos da Torá (Lei ou Instrução) sobre os gentios seguidores do Messias: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês maior encargo além destas coisas essenciais: que vocês se abstenham das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e da imoralidade sexual; se evitarem essas coisas, farão bem”. Ou seja, naquela ocasião os judeus crentes receberam os gentios na comunidade de fé, ainda que estes não seguissem as leis e costumes judaicos.

Agora, o caminho é inverso. Com o passar do tempo, a igreja acabou rejeitando os judeus crentes no Messias, afastando-os da comunidade de fé. O objetivo de um futuro Segundo Concílio, formado por líderes judeus messiânicos e da Igreja gentílica, é acolher de volta os judeus que receberam Jesus como seu Messias, sem lhes exigir que abandonem sua identidade e suas práticas judaicas. Tal iniciativa é dirigida pelo comitê executivo do TJCII, integrado por 14 líderes que creem em Jesus como o Messias, sete judeus e sete gentios, representantes dos movimentos e igrejas de todo o mundo, históricas e livres, que confessam Jesus como único Senhor e Salvador.

Os membros desse comitê desejam com o projeto do TJCII: 1. anunciar e explicar aos líderes e mestres cristãos a restauração dos segmentos judaicos da Igreja, a saber, o surgimento de milhares e milhares de judeus ao redor do mundo que têm se tornado discípulos de Jesus sem, contudo, abandonarem sua identidade judaica; 2. chamar ao arrependimento os cristãos pelos pecados cometidos pela Igreja gentílica contra o povo judeu, que infelizmente não ofereceram um testemunho adequado sobre Jesus e fomentaram o antissemitismo histórico; 3. promover a intercessão para que todos os seguimentos da Igreja gentílica abandonem a teologia da substituição (doutrina que anula a eleição dos judeus, transferindo-a para a Igreja, posição que foi adotada por grande parte dos cristãos no passado), reconhecendo o lugar de Israel nos planos de Deus e dando as boas-vindas aos judeus messiânicos no Corpo do Messias; e 4. estimular a comunidade judaico-messiânica, tanto dentro como fora de Israel, a se unir a essa visão de reconciliação e restauração.

Com o passar do tempo, a igreja acabou rejeitando os judeus crentes no Messias, afastando-os da comunidade de fé

Nos dias 17 a 19 de outubro de 2023 ocorrerá na cidade de Jerusalém, a capital de Israel, um encontro com a participação prevista de 300 a 400 representantes dos diferentes segmentos da Igreja ao redor do mundo, entre os quais 20 representantes do Brasil. A expectativa é de que este será o primeiro passo para a realização do Segundo Concílio de Jerusalém, que terá o objetivo de convocar todo o mundo cristão a reconhecer e dar as boas-vindas aos judeus messiânicos como membros do corpo de Cristo, sem privá-los de sua identidade como povo escolhido do Deus Altíssimo. Tal ação será um sinal seguro da vinda próxima do Messias Jesus, e culminará na plenitude da obra de redenção inerente ao Reino de Deus.

Sete afirmações

Para guiar as conversas em curso e o encontro de outubro em Jerusalém, foi proposta pelo comitê executivo do TJCII uma declaração com sete afirmações teológicas dirigidas ao corpo de Igrejas cristãs, para afirmar o movimento judaico-messiânico:

De acordo com o princípio estabelecido no Concílio de Jerusalém original, de Atos Capítulo 15, em relação à diversidade no Corpo de Cristo no que se refere à Identidade Judaica e Gentílica, nós, participantes do corpo do Messias, fazemos as seguintes afirmações:

1. Afirmamos a eleição de Israel, o caráter irrevogável desta eleição e a obra inacabada de Deus para com o povo judeu em relação à salvação bem como seu papel como bênção para as nações.

[O Catecismo da Igreja Católica [§ 674] reconheceu a eleição do povo judeu como um dogma explícito: “A vinda do Messias glorioso está pendente, a todo o momento da história, do seu reconhecimento por ‘todo o Israel’, do qual ‘uma parte se endureceu’ na ‘incredulidade’ (Rm 11,20) em relação a Jesus. É Pedro quem diz aos judeus de Jerusalém, após o Pentecostes: ‘Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que os pecados vos sejam perdoados. Assim, o Senhor fará que venham os tempos de alívio e vos mandará o Messias Jesus, que de antemão vos foi destinado. O céu tem de O conservar até à altura da restauração universal, que Deus anunciou pela boca dos seus santos profetas de outrora’ (At 3,19-21). E Paulo faz-se eco destas palavras: ‘Se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos?’ (Rm 11,15). A entrada da totalidade dos judeus na salvação messiânica, a seguir à ‘conversão total dos pagãos’, dará ao povo de Deus ocasião de ‘realizar a plenitude de Cristo’ (Ef 4,13), na qual ‘Deus será tudo em todos’ (1Co 15,2)”.]

2. Afirmamos que os judeus que passam a crer no Messias, Jesus, devem manter sua identidade judaica e viver como parte de seu povo de forma coerente com a Nova Aliança.

3. Afirmamos a formação de congregações judaico-messiânicas como uma forma eficaz e significativa de expressar a identidade coletiva judaica (em Jesus) e como um meio de testemunhar perante a comunidade judaica. Afirmamos também que incentivamos indivíduos e grupos judaicos pertencentes a igrejas a manter seu compromisso com a vida e a identidade judaica.

4. Afirmamos nossa disposição como corpo eclesiástico em construir pontes para a Comunidade Judaico-Messiânica, com o propósito de estender a mão da amizade e orar por seu crescimento e vitalidade.

5. Afirmamos nossa vontade de partilhar recursos com as Congregações Judaico-Messiânicas, organizações missionárias judaicas e institutos judaicos de formação teológica, de modo a capacitá-los a cumprir o seu propósito dado por Deus.

6. Afirmamos nossa vontade em ser uma voz dentro de nossa própria estrutura eclesiástica e esferas de influência contra todas as formas de antissemitismo, teologia da substituição (supersessionismo) e ensinos que excluem a expressão da identidade judaica em Jesus.

O Segundo Concílio de Jerusalém terá o objetivo de convocar todo o mundo cristão a reconhecer e dar as boas-vindas aos judeus messiânicos como membros do corpo de Cristo, sem privá-los de sua identidade como povo escolhido do Deus Altíssimo

7. Por fim, afirmamos que, com expressões judaicas e gentílicas da vida em Jesus crescendo organicamente e lado a lado, porém com identidades distintas, Deus será glorificado, o Reino do Céu irá avançar e a visão do “novo homem” de Efésios capítulo 2 se revelará como parte da bênção original de Abraão às nações.

Estas sete afirmações orientam a organização do TJCII. E à medida que denominações, redes e líderes cristãos endossam estas sete afirmações, o comitê executivo entende que já cumprirá uma parte importante da visão que nos foi confiada pelo Deus de Israel e nosso Messias Jesus.

Como cooperar?

No entanto, aqueles que participarão do encontro em Jerusalém sabem que um Segundo Concílio futuro só poderá ocorrer por meio da orientação especial do Espírito de Deus. Apenas sob o mover do Espírito Santo será possível formar um Concílio reconhecido por igrejas, denominações e movimentos cristãos espalhados ao redor do mundo. E, como Craig Carter lembra,

“O cristianismo primitivo surgiu como um grupo dentro de Israel formado por judeus que então pregaram primeiro a outros judeus e depois aos gentios. Todos os primeiros discípulos de Jesus eram judeus. Todos aqueles que receberam a Grande Comissão eram judeus. Todos os escritores do Novo Testamento eram judeus (exceto Lucas, que escreveu sob a autoridade de Paulo). [...] Jesus tinha um núcleo de fiéis seguidores judeus, e vemos milhares de outros judeus chegando à fé imediatamente após a Ascensão, como acabamos de observar no livro de Atos.

Israel ocupa um lugar único no mundo e [...] a perseguição ao povo judeu é uma mancha na cristandade, e nos arrependemos com razão dos ataques passados ​​aos judeus, discriminação contra eles e leis injustas a respeito deles. (...) [Portanto], devemos imitar o exemplo do rabino judeu Paulo e ansiar fervorosamente pelo dia em que o povo de Israel acreditará por sua própria vontade no Messias judeu Jesus. Mas, como demonstrou o movimento judeu messiânico do último meio século, isso não implica que eles se tornem gentios ou mesmo se juntem a igrejas e abandonem a sinagoga. Significa que eles se tornam ainda mais judeus do que eram antes, não menos”.

Você gostaria de cooperar com esse esforço e/ou obter mais informações? Seguem algumas sugestões: 1. Entre no site do TJCII e se informe mais sobre este projeto. Saiba quem são os diretores internacionais, como surgiu e o que tem sido feito ao redor do mundo. E tenha acesso aos livretos explicativos disponíveis gratuitamente no formato PDF. 2. Cadastre-se e receba em seu e-mail o informativo eletrônico do TJCII, para ficar atualizado sobre os planos para o Segundo Concílio de Jerusalém. Envie um e-mail solicitando a assinatura gratuita da newsletter: contato@tjc2.org.br. 3. E, por fim, entre em contato e se torne um intercessor do TJCII. Solicite o manual de oração e comprometa-se a orar por essa iniciativa. Envie um e-mail para contato@tjc2.org.br e solicite mais informações.

Concluímos citando Carter:

“Como poderíamos odiar Israel? [...] Ansiamos pelo dia em que adoraremos o Messias Jesus juntos. E a paciência escatológica caracteriza nossa atitude nesse meio tempo. [...] Ao longo dos últimos 2 mil anos, muitos judeus temeram os cristãos e foram perseguidos, roubados, mortos ou exilados simplesmente por serem judeus. Isso é uma vergonha e uma desgraça para o nome de Cristo. Quando dizemos que Cristo é o cumprimento do Antigo Testamento, não queremos dizer que Deus rejeitou o povo judeu para sempre. Queremos dizer que adotamos a fé do povo de Deus e cremos no evangelho trazido a nós pelos judeus messiânicos que escreveram o Novo Testamento – os judeus que acreditam em Jesus como o Messias prometido no Antigo Testamento.”

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]