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Da esquerda para direita, Ana Hupfer, Max Leean, Gracinha e Rodrigo Slud: integrantes da equipe de produção do Festival de Curitiba | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Da esquerda para direita, Ana Hupfer, Max Leean, Gracinha e Rodrigo Slud: integrantes da equipe de produção do Festival de Curitiba| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Na sacada de uma sala no último andar do Memorial de Curitiba, telhados refletem a luz do sol e toda uma estratégia de quebra de costumes é tramada para afetar, pelo menos, 180 mil pessoas nos próximos dias. Você será uma delas. Lá acontecem os últimos ajustes para mais uma edição do Festival de Curitiba, que começa na próxima terça-feira, 29.

Veja a programação completa do Festival de Curitiba

O local em questão é o quartel-general da equipe de produção e direção do evento. A alma de um dos principais momentos no calendário cultural do país. Entre telefonemas e conversas paralelas, Ana Hupfer conversou com a reportagem da Gazeta do Povo. Ela é uma das coordenadoras gerais e se envolve com o festival desde o início. "Nosso réveillon é em maio, quando termina a correria de apresentações e acertos de contas e podemos pensar no ano seguinte. Na verdade, nós já estamos pensando em 2012", comenta.

O Festival de Curitiba começa com quatro pessoas e termina com mais de 600 profissionais envolvidos. "Imagina que são 31 peças só da Mostra, com uma média de 800 pessoas nas equipes das companhias. Pode somar 2,7 mil profissionais inscritos no Fringe. Temos que cuidar do bem-estar de mais de 3 mil pessoas, para que se sintam confortáveis em trabalhar conosco", revela Rodrigo Slud, que divide a coordenadoria geral junto com Ana e Fabíula Passini. A direção geral continua com Leandro Knopfholz.

Novidades

Existem dois grandes desafios no início: a necessidade de encontrar peças inéditas para a Mostra e a busca por novos espaços para as apresentações. Tio Vânia e Trilhas Sonoras de Amor Perdidas são dois exemplos de montagens incentivadas pelo Festival para sediar sua estreia. "O diferencial do Festival sempre foi o grande volume de peças que estreiam neste período. Atraímos a atenção do país todo. Assim como a possibilidade da descoberta de novos espaços culturais para a cidade. Podemos oferecer mais conforto e diferentes opções de horários e locais", revela Ana.

Na última pesquisa, foram encontrados mais de 300 possíveis pontos culturais. Boa parte das atenções deste ano estão voltadas para a efetivação do Teatro Bom Jesus e as reformas na Ópera de Arame.

Durante o Festival, a maioria dos espaços culturais fica sob a responsabilidade da organização. Tanto os particulares quanto os locais mantidos pela Fundação Cultural de Curitiba. "Alugamos boa parte dos espaços, ou trabalhamos com divisão da bilheteria. Eles se tornam ‘espaços administrados’ e entramos com todo o equipamento de som, luz e projeção. Com o Fringe, nós utilizamos um kit básico para todos os locais. Também existem os ‘teatros credenciados’, espaços mantidos e preparados por companhias curitibanas que fazem parte do evento", revela a coordenadora.

A maioria dos telefonemas transferidos para o ramal de Ana vem da mesa de Maria das Graças Ribeiro, carinhosamente chamada de Gracinha. Auxiliar administrativa e envolvida com o Festival há 12 anos, ela é dona de um sorriso tímido e sincero, e não gosta de teatro. "Fui a três aberturas e a uma edição do Mish Mash em 2009. Todo mundo pega no meu pé por isso, mas eu prefiro ir ao cinema", confessa.

A secretária também auxilia Max Leean. Ele divide a coordenação de produção com Marina Caciatore e é o responsável pela montagem e desmontagem dos equipamentos alugados e cenários. Max conta que "tem toda uma questão de logística e economia neste processo. Não existe uma rotina, toda peça que chega é uma situação nova. Nos organizamos a partir da planilha de espetáculos montada".

Basta pegar a grade de programação e constatar que a maioria dos espaços conta com, no mínimo, um dia de intervalo entre as peças. Entram em cena maquinistas e carregadores especialmente treinados para o trabalho. "Criamos cursos de maquinistas para capacitar a mão de obra e resolver alguns problemas pontuais. Essa já é uma iniciativa pensando no ano que vem", revela Max.

Foram formadas seis turmas de alunos que assistiram aulas de maquinaria e hoje podem utilizar esses conhecimentos dentro e fora do festival.

Entre as diferentes situações encontradas em 2011, a equipe está montando um novo cenário para a peça argentina Tercer Cuerpo, visando à economia no transporte do material entre os países. Também "replicaram" o Teatro Guaíra em São José dos Pinhais para realizar os ensaios completos do espetáculo inédito Tathyana, de Deborah Colker. O maior desafio talvez esteja na vinda da montagem Marina, com um cenário formado por aquários gigantes.

Quando os planos não saem conforme o esperado, Max depende dos "produtores de espaço", responsáveis pelos teatros. "São 45 profissionais que precisam ser descolados e criativos para resolver os problemas". E o que não falta é jogo de cintura.

"Vai acontecer uma formatura no Teatro da Reitoria. Tenho que encontrar uma sala para o pessoal da peça Anjo Negro ensaiar enquanto isso. Além de me preocupar com a montagem do cenário", comenta Marcio Murilo Tesserolli, o Marcinho. Há alguns anos ele é o produtor responsável pela Reitoria e suas preocupações vão desde o bom funcionamento da bilheteria e a pontualidade da peça até a facilidade no acesso de deficientes físicos e eventuais problemas com lugares marcados. "A gente fica ligado em tudo, o tempo todo". Do momento em que as companhias pisam no aeroporto, até a hora em que sobem ao palco, lá estão os produtores e os "receptivos" – pessoas contratadas para acompanhar os convidados em sua estada.

Playlist

Veja a playlist com cenas de algumas peças do Festival de Curitiba:

Especial

O Caderno G preparou um especial com as montagens que mais se destacam dentre as centenas de espetáculos teatrais que compõem a programação do evento este ano. Há opções de diversos gêneros e para todos os tipos de público. Leia mais nas matérias abaixo:

Editorial: Arte que transforma a cidade

Veja as datas e os locais das peças da Mostra 2011

Aos Que Vierem Depois de Nós: Mergulho de cabeça na desilusão

Famosos: Da tevê aos palcos

Antes da Coisa Toda Começar: O poder da memória

Trilhas Sonoras de Amor Perdidas: Para não estragar a surpresa

Circenses e Infantis: Malabarismos da vida

Marina: Uma história de amor e vida

Musical: "Nossos sambistas são verdadeiros dramaturgos"

Ricardo III: Uma mistura que dá certo

O Último Stand-Up: Tragédia no Viaduto do Chá

Tercer Cuerpo: As vidas como elas são

Oficinas e debate

Fringe: Novas experiências e possibilidades

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