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“Eden Is West é um filme muito pessoal sobre alguém que deixa sua terra.  E também questiona se as pessoas são respeitadas ou não quando vão para o Ocidente, ou o oeste europeu” | Divulgação
“Eden Is West é um filme muito pessoal sobre alguém que deixa sua terra. E também questiona se as pessoas são respeitadas ou não quando vão para o Ocidente, ou o oeste europeu”| Foto: Divulgação

Festival de Berlim festeja produção sul-americana

A realidade sul-americana continua fazendo sucesso na Alemanha. Depois da vitória do brasileiro Tropa de Elite em 2008, neste ano foi a vez de um filme peruano ficar com o prêmio máximo no tradicional Festival de Berlim. La Teta Asustada, segundo longa-metragem da diretora Claudia Llosa, ganhou o Urso de Ouro, com a história de uma jovem que tenta superar o trauma do abuso cometido contra sua mãe durante os anos de terrorismo do Peru.

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Berlim - Na edição do ano passado do Festival de Berlim, o cineasta Constantin Costa-Gavras presidiu o júri da mostra oficial, que deu o Urso de Ouro ao brasileiro Tropa de Elite, de José Padilha. Em 2009, o diretor grego radicado na França, retornou à Berlinale, que terminou no último fim de semana, para apresentar Eden Is West, filme de encerramento do evento e que também marca sua volta às locações na Grécia, pela primeira vez em 20 anos.

Os trabalhos do diretor, geralmente inspirados em eventos reais, são sempre contados com muita autenticidade e senso de denúncia, o que tem influenciado gerações e impressionado críticos e cineastas do mundo todo. Seus longas-metragens – com títulos como Z, Missing e Estado de Sítio – permanece como um marco do cinema político.

O novo filme de Costa-Gavras vai direto ao coração de um dos assuntos mais sensíveis na Europa contemporânea. Eden Is West fala sobre a imigração crescente no continente.

Após a projeção, o diretor concedeu uma coletiva – da qual participou a reportagem do Caderno G. Leia os principais trechos.

Qual a origem do filme?

O filme é a história de Elias e seu desejo de imigrar para Paris, a cidade dos seus sonhos. Após cruzar parte da Grécia, Itália, Alemanha e a própria França, ele passa por toda a sorte de aventuras e desventuras próprias dos imigrantes e mostra como nós, ocidentais, somos vistos por aquelas pessoas. Nós fazemos guerras e, talvez por isso, achemos que somos superiores. As más ações fazem parte da nossa psicologia.

Qual a principal mensagem de Eden Is West?

É um filme muito pessoal sobre alguém que deixa sua terra. E também questiona se as pessoas são respeitadas ou não quando vão para o Ocidente, ou o oeste da Europa, em busca de trabalho e de uma vida melhor. Na verdade, é uma odisséia como a de Ulisses, só que um Ulisses moderno e jovem. Diferentemente dele, o personagem não quer voltar para sua casa e, no fundo, essa é a história de milhares de imigrantes. Eles buscam um lugar para morar, onde possam ter um trabalho, formar uma família e tentar viver como um ser humano normal. Eu procurei lidar com o assunto de uma maneira leve, espero ter conseguido.

De todas as dificuldades mostradas no filme qual a maior que os imigrantes enfrentam?

A maior de todas é que imigrantes sem documentos são vulneráveis e fragilizados. Aceitam qualquer tipo de trabalho e, infelizmente, uma das alternativas é, muitas vezes, driblar os sonhos. A polícia caça as pessoas para enviar de volta aos seus países. A forma de fazer isso pode até ser democrática, mas, ao mesmo tempo, o objetivo é se ver livre dos estrangeiros. Por que a decisão de, após tantos anos, escolher a Grécia como locação?

Sempre foi difícil e um problema para mim fazer um filme na Grécia. Neste foi possível e fiquei muito satisfeito. Foi o lugar ideal para locar este filme.

Houve dificuldades durante as filmagens?

Sim, várias. Algumas maiores e outras mais simples, mas, de uma forma ou de outra, todas foram solucionadas. Na cena de abertura, por exemplo, no porto de Heraklion, nós precisávamos de um navio cargueiro e foi difícil encontrá-lo Acabamos conseguindo um que transportava imigrantes ilegais, o que acontece o tempo todo lá. Não era de todo ruim, mas os donos queriam vendê-lo ou abandoná-lo e ele ainda estava cheio de gente. É uma realidade dura".

Com tantos filmes na carreira, há algum que deseje muito fazer?

Sim, há um filme que um dia quero fazer, é um sonho antigo. Eu gostaria de fazer um musical.

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