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Ouro no vôlei feminino fez Brasil igualar número de medalhas conquistadas em Atlanta-1996 | Mustafa Ozer / AFP
Ouro no vôlei feminino fez Brasil igualar número de medalhas conquistadas em Atlanta-1996| Foto: Mustafa Ozer / AFP
  • Natália Falavigna brigou muito para trazer o bronze no taekwondo
  • Na natação, César Cielo faturou um ouro e um bronze no Cubo D Água
  • Michael Phelps se tornou o maior atleta olímpico de todos os tempos com os oito ouros em Pequim
  • Usain Bolt: 100 e 200 metros rasos com os recordes pulverizados e um físico não tão favorável a ele
  • Maurren Maggi ficou com o ouro no salto em distância
  • Fabiana Murer viveu inferno astral e frustrou o Brasil
  • Campeões olímpicos em Atenas, Ricardo e Emanuel ficaram com o bronze em Pequim
  • Frustrados mesmo ficaram Márcio e Fábio Luiz, que ficaram com a prata
  • Após fracassar em Sydney-2000, Ronaldinho voltou aos Jogos e ficou com o bronze
  • Marta e companhia perderam a final no futebol feminino e foram prata
  • Ketleyn Quadros surpreendeu o Brasil ao trazer o bronze no judô
  • Quem também faturou um bronze nos tatames chineses foi Leandro Guilheiro
  • Bruno Prada e Robert Scheidt foram prata na classe Star
  • Fernanda Oliveira e Isabel Swan também trouxeram na bagagem um bronze na vela
  • No hipismo, Rodrigo Pessoa decepcionou e só foi o quinto
  • Juraci Moreira foi a Pequim graças a uma desistência, mas fez bonito e foi o 26.º

A inédita medalha de ouro da seleção feminina de vôlei nos Jogos de Pequim fez o Brasil igualar o recorde de 15 medalhas olímpicas conquistadas nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996. Entretanto, a campanha em Pequim está aquém do esperado, uma vez que a melhor colocação do país nas Olimpíadas – o 16.º lugar em Atenas-2004 (com cinco ouros, duas pratas e três bronzes) – dificilmente será batida. O Brasil encerrou a campanha em Pequim na 23ª posição no quadro de medalhas.

A expectativa de que o Brasil poderia fazer a sua melhor campanha na história dos Jogos Olímpicos veio antes mesmo das competições começarem na China. O país enviou uma delegação recorde de 277 atletas, e em muitas modalidades existiam grandes esperanças de ouros. Contudo, a falta de sorte, de preparação ou simplesmente o descontrole emocional sepultaram o desejo desta leva de atletas brasileiros em pelo menos repetir o desempenho de quatro anos atrás.

Independente de marcas ou recordes, o Brasil viu em Pequim o nascimento de verdadeiros heróis nacionais, como César Cielo na natação, ou ainda a consolidação de grandes nomes como Maurren Maggi e o técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães. Os fracassos brasileiros também vieram, principalmente no futebol, no judô e no vôlei de praia, modalidades em que o país prometia conquistar muitas medalhas de ouro, mas só restou prata e vários bronzes como consolo.

Veja abaixo os principais destaques do Brasil em Pequim:

NATAÇÃO

Todas as apostas de medalhas para o Brasil nas águas do Cubo D’Água estavam depositadas em Thiago Pereira, que conquistou nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, nada menos do que seis medalhas de ouro. Entretanto, o nadador voltou sem nada, e a posição de herói brasileiro das piscinas ficou com César Cielo. "Comendo pelas beiradas", o nadador radicados nos Estados Unidos beliscou um bronze nos 100 metros livres, e cumpriu uma promessa nos 50 metros livres: buscar o ouro na prova mais rápida da natação. Cielo o fez, com direito a recorde olímpico em Pequim.

Enquanto Thiago Pereira promete a volta por cima nas Olimpíadas de Londres, em 2012, Cielo vive a pressão de ser herói, o que vai gerar muita cobrança sobre seus resultados pelo próximo ciclo olímpico. Mas quem tomou os holofotes para si em Pequim foi um norte-americano. Michael Phelps foi aos Jogos com a meta considerada impossível por muitos: quebrar a marca de sete ouros em uma única edição das Olimpíadas, feito do compatriota Mark Spitz em Munique-1972. Phelps se dedicou quatro anos para este momento, e a vinda do seu oitavo ouro no 4x100m medley masculino coroou a participação mais sensacional de um atleta na história dos Jogos Olímpicos.

ATLETISMO

De quase aposentada a medalha de ouro olímpica. Maurren Higa Maggi pôs fim a uma espera de 24 anos do Brasil. Foi o tempo que o país levou para voltar a ouvir o Hino Nacional em um Estádio Olímpico, algo que não acontecia desde Joaquim Cruz nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Em Pequim, a saltadora cravou seu nome na história brasileira ao se tornar a primeira mulher do país a trazer um ouro olímpico para casa. E a sorte sempre esteve ao seu lado. Nas eliminatórias, a principal rival, a portuguesa Naide Gomes, foi mal e ficou de fora da final. No último salto da então campeã Tatyana Lebedeva, da Rússia, o ouro parecia escapar, mas por 1 centímetro, ao ponto mais alto do pódio ficou com Maurren.

A atleta de 32 anos chegou ao auge justamente após viver momentos de ascensão e alegria, como o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 1999, ao fundo do poço com a suspensão por doping, em 2003. Neste momento Maurren quase abandonou as pistas, porém resolveu recomeçar do zero. Acabou tendo o seu esforço e determinação coroados na China. Fora a conquista no salto em distância feminino, o atletismo brasileiro viu mais decepções do que alegrias.

No salto triplo, o paranaense Jadel Gregório ficou longe das medalhas e terminou em sexto. No salto com vara, em um dia bastante infeliz e conturbado, Fabiana Murer contou com uma lambança da organização dos Jogos de Pequim – que "perdeu" uma de suas varas –, se descontrolou emocionalmente, e viu o sonho de trazer uma medalha naufragar. Nesta prova, a russa Yelena Isinbayeva deixou o mundo mais uma vez de boca aberta ao ganhar o ouro, o que já era esperado, porém com o recorde mundial de 5m05, em sua última tentativa. No revezamento 4x100 masculino e feminino, o bronze passou perto dos brasileiros, mas não veio.

Quem também se deu mal no atletismo na China foram os Estados Unidos, acostumados a ganhar muitas medalhas de ouro na modalidade. Quem deu as cartas em 2008 foi a Jamaica, capitaneada pelo fenômeno Usain Bolt, vencedor dos 100 e 200 metros rasos e do revezamento 4x100 masculino – com direito a recorde mundial nas três provas. Sob dúvidas acerca de doping e de sua postura irreverente, Bolt foi um dos principais nomes das Olimpíadas de Pequim.

VÔLEI

O trauma de ter perdido três semifinais olímpicas nas últimas três edições dos Jogos colocou a seleção feminina em xeque. A dolorosa derrota em Atenas há quatro anos para as russas ainda doía. Todavia, superando tudo e todos, as meninas do Brasil comprovaram o favoritismo, controlaram os nervos e faturaram a medalha de ouro, conquista inédita para o vôlei feminino do país. De quebra, o técnico José Roberto Guimarães tornou-se o primeiro treinador da modalidade a ser campeão olímpico entre as mulheres e os homens – ele já havia sido ouro em Barcelona-1992 com o time masculino.

A seleção masculina de vôlei perdeu o ouro para os Estados Unidos. E ao contrário dos últimos anos, o Brasil de Bernardinho não entrou em quadra com sobras. A perda da Liga Mundial neste ano, calando o Ginásio do Maracanãzinho, ainda pairava sobre o time capitaneado pelo paranaense Giba. Coincidência ou não, os americanos foram aqueles que tiraram o Brasil da final do torneio, vencendo por retumbantes três sets a zero. Mas uma vez não teve jeito. Na final, o Brasil venceu o primeiro set, no entanto, tomou a virada, perdendo duelo por 3 sets a 1.

VÔLEI DE PRAIA

Na praia, o Brasil deixou a desejar. Favorito a conquistar pelo menos quatro medalhas – duas delas de ouro –, as duplas do país oscilaram muito, principalmente no feminino. Candidatas diretas ao ouro, a dupla Juliana/Larissa foi desfalcada antes dos Jogos começarem, já que Juliana preferiu desistir a prejudicar a companheira. Ana Paula foi convocada às pressas, e a dupla formada sem tempo de treinar chegou a passar de fase em Pequim, mas caiu nas quartas-de-final diante das campeãs olímpicas Walsh e May. Este mesmo combinado americano bateuRenata/Talita nas semifinais, e na disputa do terceiro lugar, as brasileiras perderam para as donas da casa Chen Xue/Xi Zhang. Esta foi a primeira vez desde que o vôlei de praia entrou nos Jogos Olímpicos, em Atlanta-1996, que o país não traz medalhas no feminino.

No masculino, os então campeões olímpicos Ricardo/Emanuel fizeram uma campanha irrepreensível, pelo menos até a semifinal, quando foram batidos pela outra dupla brasileira, Márcio/Fábio Luiz. Na final, a expectativa pelo ouro era grande, mas os brasileiros não foram páreos para os americanos Rogers/Dalhausser. Na disputa pelo bronze, Ricardo/Emanuel passaram pelos brasileiros naturalizados georgianos Geor e Gia.

GINÁSTICA

Os ginastas do Brasil mais uma vez fizeram história em uma edição de Jogos Olímpicos. Mas as esperadas medalhas não vieram. Apesar da equipe feminina ter chegado a uma inédita final olímpica – ficando em oitavo lugar –, a expectativa eram pelas apresentações individuais de Diego Hypólito, Jade Barbosa e Daiane dos Santos. O trio avançou as finais com facilidade, mas pecou no momento de decisão e viu o sonho de subir ao pódio em Pequim desaparecer. Hypólito foi quem mais sofreu, já que a irretocável apresentação no solo só foi derrubada pelo tombo no último movimento.

FUTEBOL

A paixão do brasileiro segue sem dar um ouro para o país nas Olimpíadas. Pentacampeão mundial, o time masculino do Brasil chegou a Pequim sem muito alarde, porém no decorrer dos jogos foi mostrando que o contestado técnico Dunga poderia levar a seleção ao inédito ouro. O maior obstáculo só veio na semifinal, contra os arqui-rivais argentinos, adversários que fazem o Brasil quase sempre jogar mais. Mas na China a equipe foi mal e tomou uma goleada de 3 a 0 para os hermanos. Resultado: mais uma disputa de bronze, conquistado facilmente sobre a Bélgica. A sina de não ter a medalha de ouro permanece por pelo menos mais quatro anos.

No feminino, as meninas do Brasil oscilaram dentro de suas partidas nas Olimpíadas. Independente de jogar muito bem – como contra a Alemanha na semifinal –, ou muito mal na primeira fase contra a Coréia do Norte (e vencer), a seleção comandada por Marta avançou à final contra as americanas, aquelas mesmas que tiraram do país o ouro em Atenas, mas que foram surradas no Mundial do ano passado pelas brasileiras. O gol do ouro olímpico parecia questão de tempo durante os 90 minutos da decisão, mas foi por água abaixo na prorrogação, quando os EUA fizeram 1 a 0 e garantiram mais uma conquista. O título de "amarelonas", antes dado às meninas do vôlei, agora está em posse da equipe feminina.

JUDÔ

Ao mandar três campeões mundiais aos Jogos de Pequim, o Brasil tinha a certeza de medalhas no judô. Mais do que isto: o país esperava que o jejum de 16 anos sem um ouro olímpico – desde Rogério Sampaio em Barcelona-1992 – pudesse acabar. Mas não foi o que aconteceu. João Derly e Luciano Correia decepcionaram e caíram cedo nas eliminatórias, enquanto Tiago Camilo ainda beliscou a medalha de bronze. A modalidade trouxe ainda mais dois bronzes com Ketleyn Quadros – primeira medalha olímpica no judô feminino brasileiro – e Leandro Guilheiro. A participação foi muito boa, todavia o gosto no final foi amargo. Faltou preparo psicológico aos brasileiros.

VELA

Na raça, Robert Scheidt superou um início ruim em Qingdao e conquistou a sua segunda prata olímpica, a primeira na classe Star. O bicampeão olímpico na Laser já tinha uma outra prata nesta mesma categoria, e ao lado de Bruno Prada vivia a pressão de "substituir" Torben Grael nesta classe para o Brasil, além do favoritismo que o acompanhava. A condição atípica nas Olimpíadas chinesas não facilitou em momento algum a vida dos brasileiros, que ficaram longe do ouro desta vez. A modalidade ainda trouxe mais um bronze para o país, com Fernanda Oliveira e Isabel Swan na classe 470. O feito inédito das meninas foi o que salvou a participação da vela brasileira em Pequim, que ficou muito distante dos dois ouros conquistados em Atenas-2004.

TAEKWONDO

A paranaense Natália Falavigna era antes mesmo do início das Olimpíadas a principal esperança brasileira em Pequim. Última entre os brasileiros a estrear, ela viu Débora Nunes e Márcio Wenceslau caírem logo cedo nas eliminatórias, ficando longe das medalhas. Quando chegou a sua vez, a quarta colocada nos Jogos de Atenas mostrou estar muito preparada e foi avançando, até parar na norueguesa Nina Solheim, vencedora do duro combate por decisão dos juízes. Na repescagem, Natália buscou a medalha a todo instante, e foi agraciada com um importante bronze para a modalidade.

BASQUETE

Sem representação no torneio masculino de basquete, o Brasil depositou todas as suas fichas nas meninas da seleção, mas de pouco adiantou a torcida tupiniquim. Sem a presença de Iziane, principal jogadora do país, a equipe praticamente não se encontrou em Pequim e foi facilmente eliminada em sua chave, protagonizando mais um fiasco para o esporte brasileiro e para a modalidade, que vive uma fase muito ruim no Brasil.

HIPISMO

Todas as atenções foram concentradas em Rodrigo Pessoa quando o assunto era a participação do hipismo brasileiro nos Jogos de 2008. Campeão olímpico há quatro anos, o brasileiro lidou bem com a pressão, chegou a brigar diretamente pelo bicampeonato, mas parou os próprios erros, fechando a sua participação na quinta colocação. Os demais atletas do país que foram a Pequim pouco fizeram e a modalidade não brilhou para o Brasil como em edições anteriores.

HANDEBOL

Conscientes de que não tinha chances de medalhas nas Olimpíadas de Pequim, as seleções masculina e feminina do Brasil procuraram se aproximar ao máximo do desempenho dos times europeus, e em alguns jogos conseguiram equilibrar as ações. Mas faltou experiência e sangue frio em partidas decisivas, já que o país surpreendeu e chegou ao último jogo da primeira fase com chances de classificação para a segunda fase – o que já seria um feito inédito e muito positivo ao esporte. Acabou não conseguindo o feito entre os homens nem entre as mulheres, porém ficou claro que, se o trabalho for mantido, os resultados podem ser colhidos em Londres-2012.

TRIATLO

O paranaense Juraci Moreira Júnior só foi a Pequim graças a uma desistência, contudo não desperdiçou a oportunidade que teve. Ele chegou a figurar na quarta posição, mas foi o 26.º colocado no triatlo olímpico e ficou como o melhor entre os brasileiros nos Jogos Olímpicos. Reinaldo Colucci chegou 11 posições atrás no masculino, enquanto Mariana Ohata – única brasileira na prova – foi a 39.ª colocada.

TÊNIS DE MESA

O ícone do tênis de mesa brasileiro Hugo Hoyama se despediu das Olimpíadas em Pequim. Em sua quinta participação olímpica, o veterano mesa-tenista foi como convidado, mas não teve sorte na competição entre equipes e o Brasil pouco fez para impedir a sua eliminação precoce. No individual, Thiago Monteiro e Gustavo Tsuboi fizeram boas apresentações, mas não puderam bater de frentes com os europeus e os chineses, estes sim candidatos a medalhas.

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