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O senador Antonio Anastasia.
O senador Antonio Anastasia.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A falta de um nome de consenso tanto no DEM do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), quanto no MDB do líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (TO), na disputa pelo comando da Casa, elevou o capital político de um partido azarão na disputa pelo comando da Casa: o PSD do ex-ministro Gilberto Kassab. Por essa razão, dois senadores do PSD começam a surgir como favoritos para suceder a Davi Alcolumbre na presidência do Senado: Antônio Anastasia (MG), atual vice-presidente do Senado, e Otto Alencar (BA).

A sigla de Kassab tem hoje 12 senadores e a expectativa é de que a senadora Rose de Freitas (ES), que está sem partido, possa se filiar ao PSD até a eleição no Senado, marcada para o início de fevereiro. Na semana que vem, Rose terá uma conversa com Kassab para acertar detalhes de sua filiação.

Dessa forma, com a eventual entrada da senadora capixaba, o partido passa a ter exatamente os mesmos 13 senadores que o MDB e já fala, nos bastidores, que vai pleitear o comando do Senado. E com um detalhe importante: ao contrário do MDB, o PSD tem uma maior unidade partidária, já que a articulação de Kassab é que o partido vote em bloco caso mantenha a pretensão de lançar um candidato à presidência do Senado.

Caciques da Casa admitem que os dois nomes do PSD são absolutamente “palatáveis” em uma disputa pelo comando da Casa. Anastasia, por exemplo, já conta com o apoio de Davi Alcolumbre, mas há o receio de que, por conta disso, ele possa ser visto como “candidato governista”, uma mensagem que nem mesmo a cúpula do PSD pretende transmitir. Isso pelo fato de que o presidente do partido já sinalizou que a sigla vai disputar a presidência da República em 2022.

Sob as bênçãos de Davi Alcolumbre, Anastasia largaria na disputa pelo comando do Senado com pelo menos 30 votos. Os eventuais 13 da bancada do PSD, mais 17 votos dispersos entre partidos como o PSDB, DEM, Podemos e de metade da bancada do MDB.

Otto Alencar tem capilaridade em votos da esquerda na disputa pelo comando do Senado

A situação de Otto Alencar é vista como mais favorável. O senador vinha afirmando a aliados que não era candidato até o final da semana passada, mas o cenário mudou a partir de conversas que ele teve com caciques do MDB e do PT na Câmara e no Senado. Nas conversas internas no Congresso, Otto é visto como um parlamentar que poderia manter a visão de independência do Senado e não totalmente alinhado ao Palácio do Planalto.

Assim, ele teria condições de atrair votos de pelo menos sete dos 13 senadores do MDB, mais os votos de toda a bancada do PSD, de toda a bancada do PDT (3), a do PT (6), PSL (2), de metade de bancada do Podemos (5) e até de dois dos três senadores do Cidadania. Fora votos no varejo de DEM e PSDB, que também já sinalizaram ver em Alencar um nome importante para manter a independência do Senado frente às investidas do governo federal. Dessa forma, o parlamentar baiano largaria em condições de ter entre 32 e 40 votos na disputa pelo comando do Senado.

Apesar do cenário favorável ao PSD, o partido pretende aguardar os passos de Davi Alcolumbre e do governo federal na disputa pelo Senado. O presidente Jair Bolsonaro e integrantes do Palácio do Planalto vem centrando fogo na Câmara e estão trabalhando para conter os ânimos de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pretende fazer seu sucessor na Casa. No Senado, o Palácio do Planalto sabe que mesmo que não consiga interferir decisivamente no substituto de Alcolumbre, uma derrota teria efeitos menos traumáticos.

Além disso, o PSD também observa com calma a cisão interna do MDB na disputa pela presidência do Senado. O partido tem pelo menos cinco pré-candidatos à presidência da Casa: o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes;  o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE); o líder do partido na casa, Eduardo Braga (AM); o relator do orçamento 2021, Márcio Bittar (AC) e a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Simone Tebet (MS).

Dos cinco pré-candidatos, os quatro primeiros são vistos como governistas e Simone como mais independente. Justamente por esta razão, a presidente da CCJ enfrenta resistências entre os colegas do MDB no Senado. Do outro lado, ela teria o condão de obter apoio em setores independentes dentro do Senado.

Outra dificuldade que o MDB vem tendo diz respeito ao próprio presidente do Senado. Dos cinco pré-candidatos, Alcolumbre sinalizou apoio apenas ao nome de Bittar. Os demais são vistos como candidatos com apoio do presidente Jair Bolsonaro, o que pode complicar a viabilidade destas candidaturas dentro do Senado.

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