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A Delegacia de Homicídios (DH) de Curitiba vai assumir, a partir da próxima sexta-feira (30), as investigações da morte da jovem Tayná da Silva, ocorrida no final de junho em Colombo, na região metropolitana da capital. O novo delegado, cujo nome ainda não estava confirmado até o final da tarde desta quinta (28), será o quarto a assumir as investigações do caso. O último responsável, Guilherme Rangel, entrou em férias na última segunda-feira (26), e o inquérito esperava um novo delegado desde então. Ainda não se sabe se a titular da DH, Maritza Haisi, assumirá pessoalmente o caso, ou transferirá a responsabilidade a algum dos delegados adjuntos.

Histórico de mudanças

A primeira pessoa a investigar o assassinato foi o delegado Silvan Pereira, que era titular da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, à época em que o crime aconteceu. No início de julho, poucos dias após a confirmação da morte de Tayná, Pereira entrou em férias e foi substituído pelo delegado Fábio Amaro. Na mesma semana, surgiu a suspeita, levantada pela perícia, de que Tayná poderia não ter sido violentada, o que desencadeou uma série de questionamentos sobre o crime. Alguns dias depois, o advogado de defesa dos quatro suspeitos iniciais de terem cometido o assassinato declarou que os rapazes confessaram sob tortura. A revelação fez com que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) passasse a investigar a suposta tortura aos acusados, processo que culminaria com a prisão de Silvan Pereira no dia 19 de julho. Nesta época, o inquérito do caso já estava nas mãos do delegado Guilherme Rangel, terceira pessoa a assumir oficialmente as investigações. No dia 14 de agosto, Rangel pediu ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) mais trinta dias para conduzir as investigações. O prazo foi concedido na última quarta-feira (28), na mesma data em que o cadáver de Tayná foi exumado para exames periciais complementares. A partir desta quinta-feira (29), portanto, a DH terá mais um mês para trabalhar no inquérito do crime.

Relembre o caso

No dia 2 de julho, uma semana após o desaparecimento da jovem, os quatro suspeitos iniciais já estavam presos e já haviam confessado o crime. Nesta data, contudo, a perita Jussara Joeckel, do IML, afirmou pela primeira vez que Tayná poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial dos investigadores.

Apesar da revelação, a Polícia Civil finalizou o inquérito no dia 5 daquele mês, reforçando a primeira teoria: que os quatro rapazes teriam de fato estuprado e estrangulado a garota. No dia 12, no entanto, o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Esses fatos geraram uma mudança no comando da investigação policial do crime. Desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, o caso já contava com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

No dia 12 de julho, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, no dia 14 de julho, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos. Nesse meio tempo, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

No dia 15 de julho, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. No mesmo dia, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.

Ainda em 15 de julho, os quatro suspeitos foram incluídos no programa de proteção a testemunhas. No mesmo dia, 12 dos 14 que tiveram prisão decretada no suposto caso de tortura foram detidos - sendo que a maior parte deles se entregou espontaneamente. O delegado Silvan Pereira, considerado foragido, foi detido no dia 19 de julho.

Diante das suspeitas de tortura, o Gaeco formalizou, no dia 1 de agosto, denúncia contra 21 pessoas que teriam participado ou se omitido na suposta coação aos quatro rapazes, processo no qual em um primeiro momento 16 tiveram a denúncia aceita devido a um desmembramento do processo. Os outros cinco teriam cometido violência em Araucária e em Campo Largo, o que impossibilitaria a Vara Criminal de Colombo de julgar o caso.

No último dia 14, o MP-PR afirmou ter recebido novas provas materiais quando o novo inquérito foi entregue, mas não detalhou quais seriam os indícios por estarem em segredo de justiça. Na mesma data, o MP recebeu da Polícia um pedido de prorrogação do prazo para entrega do inquérito.

Na última sexta-feira (23), o MP pediu à Justiça autorização para exumar o corpo da Tayná em busca de "indícios complementares", e a requisição foi concedida na última segunda (26). O mesmo pedido havia sido negado à família da vítima.

O corpo foi exumado na última quarta (28), dentro do cemitério onde Tayná foi enterrada. O exame, que durou pouco mais de duas horas, foi considerado importante para ajudar a elucidar o crime, segundo o promotor Paulo de Lima, do MP. No mesmo dia, o órgão anunciou ter concedido à Polícia o prazo de mais trinta dias para a investigação, que passa a contar a partir desta quinta-feira (29).

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