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Foto divulgada por grupos LGBT sobre a reunião feita com o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth. Segundo ele, não foi instaurada sindicância contra a psiquiatra Akemi Shiba.
Foto divulgada por grupos LGBT sobre a reunião feita com o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth. Segundo ele, não foi instaurada sindicância contra a psiquiatra Akemi Shiba.| Foto: Divulgação / Facebook

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade, informou nesta quarta-feira (11) que a entidade não impedirá a realização de palestra científica sobre disforia de gênero em crianças e jovens, a ser realizada pela psiquiatra Akemi Shiba na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 18 de março.

A declaração foi dada depois de ter recebido representantes do Conselho Estadual de Promoção de Direitos LGBT, na última segunda-feira (9), que tentam dificultar a realização do evento. A conferência que, a princípio, tinha como título “Epidemia de transgêneros: o que está ocorrendo com nossas crianças e adolescentes?”, depois de ser alvo de uma representação no Ministério Público do Rio Grande do Sul, passou a ser chamada de “Aspectos médicos e desenvolvimentais da disforia de gênero na infância e na adolescência”.

“Não podemos censurar a ciência. Ela tem que apresentar as evidências dela”, disse o presidente do Cremers à reportagem da Gazeta do Povo, reiterando que não existe sindicância ou processo ético-profissional contra a psiquiatra. “Nós não temos nem poder nem interesse de fazer censura prévia de uma palestra de cunho científico. De forma alguma o conselho vai fazer uma censura prévia ou querer tirar o direito da pessoa de falar livremente”, acrescentou.

Eduardo Trindade esclareceu ainda, em nota que enviou aos jornais, que pelo Cremers ser uma autarquia federal, a entidade tem “a obrigação legal de receber os mais diversos membros de conselhos legitimamente constituídos, independe da minha posição pessoal”. “No caso em pauta, como presidente do Cremers, recebi representantes de organizações civis ligadas à comunidade LGBT que protocolaram formalmente um pedido de reunião, como receberia da mesma forma representantes de qualquer segmento, sem distinção, por dever legal e moral”, escreveu.

A denúncia junto ao Cremers foi protocolada pelo grupo LGBT e seguirá o trâmite habitual, segundo as normas da Resolução do Conselho Federal de Medicina, nº 2.145 de 2016.

“Reitero que qualquer responsabilidade na esfera ética somente poderá ser atribuída após averiguação adequada da denúncia, instauração de sindicância e Processo Ético-Profissional, o que ainda não ocorreu”.

O conteúdo da palestra

Em entrevista para a Gazeta do Povo, a psiquiatra Akemi Shiba explicou novamente que fará uma abordagem científica sobre a disforia de gênero em crianças e adolescentes, a pedido de famílias. “A palestra começou por uma demanda da comunidade, e tem objetivo estritamente técnico, visando orientar e proteger a saúde, inclusive da comunidade LGBT, que são os consumidores desses hormônios e cirurgias”, disse a médica.

Segundo ela, a infância e a adolescência são períodos de grandes mudanças no cérebro e que, por isso, nesse período do desenvolvimento, não é recomendado usar hormônios ou bloqueá-los. Ingerir hormônios cruzados traz risco de AVC, câncer, trombose, hipertensão, diabetes e muitas outras patologias. “Além de a cirurgia de trangenitalização ser irreversível e esterilizante, causando menopausa e andropausa precoce”, alerta.

“Há um fenômeno no YouTube de adolescentes dando receita de como fazer sozinho a sua transição de gênero, com hormônios comprados em farmácia. Estamos tentando proteger a saúde de todos que estão tomando esses hormônios, e a comunidade LBGT está incluída”, diz.

Em 2019, a transexualidade deixou de constar na lista de doenças mentais e passou a ser tratada como “incongruência de gênero” na nova versão da Classificação Internacional de Doenças, a CID-11, dentro da categoria de condições relativas à saúde sexual. Mesmo assim, ainda é tratada como transtorno psiquiátrico, segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-5), elaborado pela American Psychiatric Association. O CID 11 só vigorará a partir de 2022.

Em novembro de 2017, a Gazeta do Povo publicou, com exclusividade em língua portuguesa, o mais importante estudo sobre ideologia de gênero na medicina: “Disforia de gênero, condições médicas e protocolos de tratamento”, de Michelle Cretella, médica e presidente do American College of Pediatricians (ACPeds). O estudo aponta a falta de evidências científicas sólidas para recomendar tratamentos invasivos, como os bloqueios hormonais em crianças e adolescentes, cujos efeitos ainda são em grande parte desconhecidos ou, em muitos casos, prejudiciais.

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