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Viatura da Polícia Militar (PM) sai da Penitenciária Estadual de Piraquara 2 (PEP 2) | Henry Milléo/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Viatura da Polícia Militar (PM) sai da Penitenciária Estadual de Piraquara 2 (PEP 2)| Foto: Henry Milléo/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Revoltas anunciadas

Uma carta de presos obtida pela Gazeta do Povo no fim do mês passado já anunciava a possibilidade de uma rebelião na PEP II. No documento, os detentos diziam qual temer uma nova rebelião comandada por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e que teria como objetivo melhorar as condições do presídio. Leia matéria completa.

Richa diz ser "muita coincidência" rebeliões em ano eleitoral; opositores criticam

Ao lado do apresentador Ratinho e do candidato a deputado estadual Ratinho Jr. (PSC), o governador Beto Richa (PSDB) percorreu bairros de Curitiba e da região metropolitana na manhã deste sábado, enquanto acontecia a 20ª rebelião em penitenciárias do estado dos últimos 10 meses. Leia matéria completa.

  • Como esta terça-feira era dia de visita, familiares de presos aguardavam em frente à PEP 2
  • Rebelião é a segundo no mesmo presídio em menos de uma semana
  • Piraquara abriga o maior complexo penitenciário do estado do Paraná
  • Rebeliões em cadeias e presídios têm sido frequentes desde o fim do ano passado no estado

Dois agentes penitenciários são mantidos reféns por presos rebelados há cerca de 10 horas na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na tarde desta terça-feira (16). A estimativa da Polícia Militar (PM) é de que 60 detentos participem do motim.

A reportagem da Gazeta do Povo apurou que o principal motivo para a rebelião é a troca de ameaças feitas entre detentos da PEP II. O motim desta terça-feira tem ligação com o último ocorrido entre sexta-feira e sábado. No fim de semana, os presos rebelados ameaçaram integrantes de uma facção criminosa paulista. Esses detentos formam um grupo de oposição à facção. Após as transferências ocorridas no sábado, integrantes da facção paulista que domina os presídios revidaram as ameaças de forma ostensiva. Com medo, o grupo que ficou naquela galeria voltou a se rebelar pedindo mais segurança. Veja fotos da rebelião na PEP 2

Confira outras rebeliões do ano no Paraná

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) informou que o movimento ocorre no terceiro bloco da penitenciária, o mesmo onde aconteceu a última rebelião na unidade, na sexta-feira (12) e que durou até a tarde de sábado (13). Desta vez, o motim, que toma conta das galerias 9 e 10, começou na hora da entrega do café da manhã, na 9ª galeria. Os presos conseguiram abrir algumas das celas e detiveram os agentes quando estes entraram para entregar as refeições.

Desde a manhã, vários supostos presos disseram falar de dentro da cadeia, por meio de celulares, com familiares do lado de fora e com a imprensa. Em nenhum caso foi possível confirmar se o interlocutor estava mesmo dentro do presídio. Um deles concedeu entrevista aos repórteres do lado de fora se dizendo o líder da rebelião.

Algumas informações repassadas por esse preso foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju). Conforme a pasta, os presos pediram que seja construído um muro para dividir a PEP II ao meio, de um lado com os presos que pertencem a uma facção criminosa - que seria o Primeiro Comando da Capital (PCC) - e de outro com os que não fazem parte desse grupo (rebelados fazem parte desse último grupo). A Seju já descartou qualquer possibilidade de fazer o muro. Apesar disso, a reportagem apurou que o governo do estado está providenciando chapas de aço para reforçar as paredes de alvenaria que dividem as galerias.

O major Adonis Nobor Furuushi disse, durante a tarde desta sexta, que a expectativa era de um desfecho da rebelião no início da noite. Ele confirmou que não há nenhum morto e nenhum ferido grave. Segundo o major, são 63 rebelados dentro da PEP II, onde estão negociando integrantes da PM, Polícia Civil, Seju e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Furuushi diz que os motivos da rebelião pequenas coisas administrativas e questão de segurança deles. "Está todo mundo se esforçando para o desfecho das rebeliões, tanto presos quanto envolvidos nas negociações", disse antes de confirmar que no presídio já existe a divisão entre os presos do PCC e os presos que não integram a facção, que são os que estão rebelados.

Monitoramento

Um dos caminhões utilizados pela Polícia Militar do Paraná para garantir a segurança de Curitiba durante a Copa do Mundo foi deslocado para a PEP II. A tecnologia implantada no interior do veículo será usada para monitorar em vídeo a situação da penitenciária, que, conforme a PM, está totalmente cercada. O Batalhão de Choque chegou ao local por volta do meio-dia, mas entrou no complexo penitenciário e não especificamente na PEP II.

Rebeliões e tentativas de terminar com motins

A última rebelião na PEP II foi há quatro dias. Na última sexta-feira, cerca de 160 presos rebelados, também pertencentes ao bloco 3 da penitenciária, fizeram nove reféns: dois agentes penitenciários e sete presos, todos liberados sem ferimentos. Não houve mortos e nem feridos nesta rebelião, que durou 25 horas.

A insurreição desta terça-feira (16) acontece um dia depois do fim da reunião promovida pelo governo do estado para tentar acabar com as rebeliões no sistema penitenciário do Paraná. Por motivos de segurança, a secretaria decidiu não revelar as medidas que serão adotadas e informou que as ações só serão anunciadas nas próximas semanas, depois de implantadas.

No sábado (13), o governador Beto Richa (PSDB) disse estar "muito preocupado" com os conflitos e insinuou que é "muita coincidência" que as rebeliões estejam acontecendo em ano eleitoral. "Estamos tentando encontrar uma razão para essas rebeliões em série. Isso não é coincidência. É coisa programada", afirmou.

Superlotação

Com 1.108 vagas, a PEP II tem atualmente 1.037 detentos, segundo sistema de contagem da Seju. Apesar de os números não apresentarem superlotação, o Sindarspen afirma que esta é mais uma unidade que sofre com falta de vagas.

Conforme o sindicato, a capacidade inicial da penitenciária era de 960 vagas e, quantidade que foi aumentada com a publicação de uma resolução em 2013. "Uma verdadeira irresponsabilidade. Sem ter estrutura nenhuma para receber essa quantidade de presos que foram aumentadas. Logicamente que assim fica fácil defender que não há superlotação", contestou o presidente do Sindarspen, Antony Johnson, por meio de nota encaminhada à imprensa.

Questionada sobre o fato, a Seju reiterou que a PEP II não apresenta problemas de superlotação. De acordo com a secretaria, não foram feitas readequações nas celas comuns que já possuíam mais de um preso, e sim nas celas de isolamento, onde apenas uma pessoa fica detida. Alguns destes espaços foram readaptados para funcionarem como celas comuns, permitindo a ampliação no quadro de vagas. O órgão não soube informar quantas celas de isolamento foram reestruturadas, mas disse que ainda há celas solitárias na unidade. 18º caso do ano

O motim na PEP II iniciado nesta manhã é o 18º caso do ano nas penitenciárias do Paraná. A revolta mais violenta ocorreu no fim do mês passado, na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), que terminou depois de 45 horas, com cinco presos mortos, e também registro de feridos e desaparecidos. Na maioria dos casos, a reivindicação envolvia pedidos de transferências e melhores condições para os presos.

Histórico recente

No dia 9 de setembro, três agentes penitenciários foram mantidos como reféns por um grupo de 14 presos na cadeia pública de Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná. Os detidos concordaram em liberar os funcionários da prisão depois de acertar a transferência de 74 presos para outras penitenciárias do estado. O motim terminou sem feridos nem mortos.

Na semana passada, 77 presos foram transferidos da Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO), no Noroeste do Paraná, depois de um motim de 18 horas. Foram 13 reféns, sendo 12 presos e um agente penitenciário.

Confira as outras rebeliões do ano:

09 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém por presos da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba. Os presos pediam transferência para penitenciárias de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.

5 de janeiro de 2014 - Dezoito presos se amotinaram na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. Durante uma hora eles negociaram transferência para o interior do estado. Um agente foi mantido refém pelos presos.

15 de janeiro de 2014 - Após três horas de motim, presas do Centro de Regime Semiaberto Feminino (Craf) de Curitiba libertaram duas agentes penitenciárias que foram feitas reféns. As detentas pediam melhorias em higiene e limpeza, além de tratamento semelhante ao que ocorre na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara.

16 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém durante 16 horas na PCE, em Piraquara. Os presos pediam transferências para Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu.

10 de fevereiro de 2014 - Vinte e quatro presos, que pediam transferência para outros presídios do estado, mantiveram um agente penitenciário como refém na PEP II. O agente foi libertado após cinco horas de negociações.

06 de março de 2014 - Presos que reivindicavam transferências para Londrina e Francisco Beltrão mantiveram por 15 horas dois agentes penitenciários como reféns na PEP I. As negociações duraram poucas horas, mas os presos se recusaram a viajar de noite, o que fez com que o motim terminasse somente após 15 horas.

10 de março de 2014 - Na PEP II, durante quatro horas um agente penitenciário ficou nas mãos de seis presos que pediam transferências para Guarapuava. Os presos foram transferidos e o agente liberado após negociação.

19 de março de 2014 - Dois agentes carcerários que escoltavam presos foram dominados pelos detentos na PEP I. Os presos libertaram os agentes após conseguirem transferência para cidades de origem. Foram 15 horas de negociação.

19 de março de 2014 - Também na PEP I, durante uma hora um agente foi dominado por presos que pediram transferência para Maringá, no Noroeste do Paraná.

16 de abril de 2014 - No Presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, foram oito horas de negociação até que os detentos libertaram um agente penitenciário. Os motivos da rebelião não foram informados, mas o presídio sofre com falta de vagas.

01 de maio de 2014 - Em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, presos da Cadeia Pública do município se rebelaram e pediram transferência. Alguns deles foram colocados em liberdade, pois já haviam cumprido pena.

14 de julho de 2014 - Três agentes carcerários foram feitos reféns na cadeia pública de Telêmaco Borba. O motim durou cerca de 17 horas. Antes do motim, houve tentativa de fuga.

17 de julho de 2014 - Por 16 horas, presos da PEP II realizaram um motim. Quatro presos pediam transferência para Londrina. Um agente na penitenciária foi mantido sob domínio dos presos.

22 de julho de 2014 - Quatro presos se rebelaram e mantiveram um agente refém na PCE. Eles pediam transferência para outras unidades prisionais do Complexo Penitenciário de Piraquara (CCP).

22 de julho de 2014 - Na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I (PEF I), no Oeste do Paraná, dois agentes foram mantidos sob domínio de dezesseis presos por seis horas. A exigência também era de transferência para outras unidades prisionais do estado.

Mais uma rebelião na PEP 2

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