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Protesto reuniu parentes de Tayná e de policiais acusados de tortura | Luiz Gustavo Janiszewski/Arquivo pessoal
Protesto reuniu parentes de Tayná e de policiais acusados de tortura| Foto: Luiz Gustavo Janiszewski/Arquivo pessoal

Três meses após o assassinato da adolescente Tayná da Silva em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, familiares da garota e de policiais presos no desdobramento do caso protestaram na tarde desta quarta-feira (25), no centro da capital paranaense. Cerca de cem pessoas se reuniram na Boca Maldita por volta das 15h e caminharam até a Praça Santos Andrade para se manifestar contra o Ministério Público do Paraná (MP-PR). O ato, que terminou por volta das 17h, teve o apoio do Sindicato das Classes Policiais do Paraná (Sinclapol).

Os manifestantes defendem que os quatro acusados iniciais, que estão sob a guarda de um programa de proteção a testemunhas, são os verdadeiros culpados pela morte de Tayná, e que as alegações de tortura por parte dos policiais são falsas. Por esta razão, portavam faixas e cartazes pedindo que as referidas injustiças sejam corrigidas.

O advogado que representa a família de Tayná, Luiz Gustavo Janiszewski, sustentou a tese divulgada no protesto. "O caso nem deveria ter tomado proporções tão grandes. Continuamos convencidos da culpa dos quatro homens presos inicialmente, e confiamos que a polícia acabará chegando a essa mesma conclusão", declarou. O inquérito, que tem prazo até o final do mês para ser concluído, está nas mãos do delegado Cristiano Quintas, da Delegacia de Homicídios (DH). Ele é a quarta pessoa a assumir o caso. Investigação

Tayná desapareceu no dia 25 de junho e foi encontrada morta três dias depois, em Colombo. No dia 2 de julho, uma semana após o desaparecimento da jovem, os quatro suspeitos iniciais já estavam presos e já haviam confessado o crime. Nesta data, contudo, a perita Jussara Joeckel, do IML, afirmou pela primeira vez que Tayná poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial dos investigadores.

Apesar da revelação, a Polícia Civil finalizou o inquérito no dia 5 daquele mês, reforçando a primeira teoria: que os quatro rapazes teriam de fato estuprado e estrangulado a garota. No dia 12, no entanto, o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Esses fatos geraram uma mudança no comando da investigação policial do crime. Desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, o caso já contava com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.No dia 12 de julho, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime.

Mas, no dia 14 de julho, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos. Nesse meio tempo, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

No dia 15 de julho, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. No mesmo dia, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.

Ainda em 15 de julho, os quatro suspeitos foram incluídos no programa de proteção a testemunhas. No mesmo dia, 12 dos 14 que tiveram prisão decretada no suposto caso de tortura foram detidos - sendo que a maior parte deles se entregou espontaneamente. O delegado Silvan Pereira, considerado foragido, foi detido no dia 19 de julho.

Diante das suspeitas de tortura, o Gaeco formalizou, no dia 1 de agosto, denúncia contra 21 pessoas que teriam participado ou se omitido na suposta coação aos quatro rapazes, processo no qual em um primeiro momento 16 tiveram a denúncia aceita devido a um desmembramento do processo. Os outros cinco teriam cometido violência em Araucária e em Campo Largo, o que impossibilitaria a Vara Criminal de Colombo de julgar o caso.

No último dia 14, o MP-PR afirmou ter recebido novas provas materiais quando o novo inquérito foi entregue, mas não detalhou quais seriam os indícios por estarem em segredo de justiça. Na mesma data, o MP recebeu da Polícia um pedido de prorrogação do prazo para entrega do inquérito.

No dia 23 de agosto, o MP pediu à Justiça autorização para exumar o corpo da Tayná em busca de "indícios complementares", e a requisição foi concedida na última segunda (26). O mesmo pedido havia sido negado à família da vítima. O corpo foi exumado na quarta-feira (28 de agosto), dentro do cemitério onde Tayná foi enterrada. O exame, que durou pouco mais de duas horas, foi considerado importante para ajudar a elucidar o crime, segundo o promotor Paulo de Lima, do MP. No mesmo dia, o órgão anunciou ter concedido à Polícia o prazo de mais trinta dias para a investigação, que passou a contar no dia 29 de agosto e vence no final do mês de setembro.

No último dia 12, o delegado Silvan Pereira, primeiro a investigar o caso, além de nove outros policiais, foram intimados pelo MP a fornecer material genético para ser comparado com o sêmen encontrado nas roupas da jovem. Investigados pelo Gaeco por suposta prática de tortura, eles continuam presos em Curitiba, mas nada foi provado até o momento.

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